Gira Mulh(eres) – memórias em movimento 

Paixão Sessémeandê

Para dar início a esta gira-memórias em movimento, peço agô, licença na língua Yorubá, para meus mais velhos, novos, ancestrais e leitores, dando início a uma sequência de partilhas, que imageticamente, os convido a se transmutar até um pé de Baobá. Busco com essa ação nos desconectarmos das tecnologias virtuais e nos conectarmos com nossos corpos, tomando estes como forma e ferramenta tecnológica de comunicação.

Convido Leda Maria Martins, que nos faz refletir sobre oralituras, aqui sendo guiada pela escrita e pela alusão de minha voz a ecoar daqui ao pensamento de vocês. Para sentir, ela movimenta nossos corpos nesta jornada, possibilitando conectarmos nossas e minhas memórias.

Aprendiz do lugar que falo, busco na memória a Cena – Dança/Teatro “SOCORRO” da Cia Movimento do Beco da Casa do Beco e o Espetáculo “CARMEM” da Breve Cia de Teatro, que me eleva e instigando ao título dado para esta troca, nos fará refletir sobre:  “MULH(ERES) E ERÊS” que na língua Yorubá significa crianças, sendo estas o início, começo e continuidade de nossa nação.

Socorro e Carmem evidencia a importância do cuidado e da reflexão em torno das ausências de políticas públicas, por meio da realidade. Vícios, prazeres, abandono, assim como seu impacto na vida das múltiplas e diversas mulheres de Favela e de tantos outros lugares nesse mundão chamado Pindorama, mais conhecido como Brasil.

As mulheres, a cena e o espetáculo, nos conecta a nossa ancestralidade, assim como, as mazelas sofridas pela cor, raça, gênero e classe social, de maneira quase que cirúrgica e pedagógica no seu processo, enquanto ferramenta educadora, crítica reflexiva, para nossa sociedade, assim como para o estado, digo da magia e do poder que a arte e a educação exerce sobre nós e nossas vidas.

Neste 8 de março “Dia Internacional das Mulheres”, cabe refletir sobre a luta e manutenção das vidas destas diversas mulheres, que para isso indago a vocês: Quais mulheres importam a vocês? Quais lutas? Qual pedido de socorro ecoa em você? Devemos pesar para além do dia 8?!

Marieta; Lucia; Rosilene; Daisy; Jamille; Marlene; Cida; Poliana; Leticia; Mara; Emanuelle; Samira; Paloma; Rebeca; Paola; Aiezha; Vitória; Ivane; Cintia; Paula; Amanda; Patricia; Carol; Janete; Josimeire, Liliane; Jussara; Yasmim; Amora; Anair; Renata; Bernadete; Ana; Débora; Hildete; Rita; kiara; Geovana; Rany; America; Gabriella; Miriam; Mavuley; kivulangy;  Nzumbaranda; Ndandalunda; Matamba; Kaiala …

Convido vocês para uma pausa café, com intenção de que o aroma chegue até vocês com o mesmo fervor das borbulhas da água que o fiz, afim de degustar cada momento juntes, de partilhas e reflexões, digo que, as Yabás – mulheres na língua Yorubá, são importantes para construção e manutenção de uma sociedade mais humana; responsabilidade esta que cabe a todes nós.

Em caso de violência contra mulheres disque 180, não seja cúmplice de nenhum tipo de violência ou violação de direitos. Aproveitem a sombra do baobá, mangueira e ou árvore que nos conectou até aqui e reflita sobre nossas memórias. Deixo com vocês o fechamento desta e o início da nossa próxima Gira.

Para saber mais
Paixão Sessémeandê moradore do Morro do Papagaio/BH/MG; Arte Educadore; Ganhadore do Prêmio Zumbi de Cultura 2020 Categoria: Dança, Pedagogue, pesquisadore  no Núcleo de Estudo e Pesquisas sobre Educação, Comunicação e Tecnologia na FaE/CBH/UEMG, Dançarine na Cia Movimento do Beco, membre do Coletivo Beagá Cidade Menina, membre da Rede Afro LGBT e representante da Rede Afro LGBT no Conselho Estadual de Promoção e Igualdade Racial (CONEPIR), membre da equipe gestora do Centro de Referência das Juventudes (CRJ), membre do comitê gestor do Centro de Referência da Dança (CRDANÇABH) e membre pesquisadore do processo de construção do Memorial pela Vida das Juventudes Negras e  Monumento Áya/Jorge dos Anjos.


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