Nas minhas andanças pelos metrôs do Harlem, um cartaz em preto e branco me chama a atenção. Trata-se de Queen and Slim, filme lançado em 2019 e protagonizado por Daniel Kaluuya e Jodie Turner-Smith. Nas redes sociais, muitas postagens sobre este filme. Eu precisava saber do que tratava. No cinema com plateia majoritariamente negra, experiência que eu nunca vivenciei no Brasil, silêncio e expressões de dor quando o filme termina. Eu também fiquei impactada com a poética do absurdo. Racismo mata. Dói. É absurdo.
A primeira cena do filme mostra um jovem casal negro em um primeiro encontro que não parecia muito promissor. No carro, no caminho de volta para casa, são impedidos de seguir. São parados por um policial branco. Por serem considerados suspeitos. Perigosos. O primeiro encontro se transforma no último encontro daquelas vidas negras consideradas descartáveis nas lentes do policial racista.
Alguns meses depois, já no ano de 2020, revejo o filme. A sensação de revolta é ainda pior. O mundo já não é mais o mesmo. Vivemos o isolamento social. A jovem Breonna Taylor é assassinada dentro de casa em março nos Estados Unidos. O menino João Pedro é assassinado dentro de casa no Brasil em maio, mesmo mês em que George Floyd é sufocado até a morte nos Estados Unidos. Tão perto, tão longe. Conectados pela maneira com morreram. Todos negros. Brutal e covardemente assassinados por policiais. É impossível assistir ao filme Queen and Slim e não relacionar com todas as histórias de vidas negras interrompidas de forma absurda pela ação da polícia. Por quê? Por que pessoas negras são o alvo? Por mais quanto tempo ainda vamos precisar gritar “vidas negras importam”?
Referência:
Queen and Slim. Direção: Melina Matsoukas, Ficção, 2019.
Imagem de destaque: Universal Pictures http://www.otc-certified-store.com/eye-care-medicine-europe.html www.zp-pdl.com https://zp-pdl.com/get-quick-online-payday-loan-now.php https://www.zp-pdl.com http://www.otc-certified-store.com/asthma-medicine-europe.html