A escola de samba Viradouro, campeã do carnaval em 2020, com o enredo de samba “De alma lavada”, provou que há espaço para ambos saberes, popular e cientifico “acadêmico”, dentro da comunidade sambista de Niterói no Rio de Janeiro, e no sambódromo para o mundo.
O samba enredo e a história nos carros alegóricos e vestimentas, que são resultados de uma sucessão de pesquisas tanto de cunho popular quanto cientifico, conta a história das lavadeiras de Itapuã (Salvador-Bahia), que para comprar sua alforria lavavam roupas na lagoa do Abaeté e também vendiam comidas típicas. Até depois de alforriadas, faziam estas atividades para renda familiar, o dito “Lavar para fora” que ganhou destaque na Marquês de Sapucaí.
O canto dessas mulheres desperta tamanha curiosidade e emoção, expressa a verdadeira essência da mulher brasileira que apesar de suas dores, dificuldades demonstra doçura, leveza e força, pois enquanto lavavam roupas cantavam suas músicas, que foram passadas de geração a geração, herança das primeiras feministas do Brasil, que o saber popular faz questão de transmitir e o saber cientifico de pesquisar.
Consequentemente ambas se contemplam neste jogo de boca a boca, empirismo e etnografia, apresentam resultados que até mesmo uma escola de samba aposta. Sem desmerecer, sem enaltecer, o científico e o popular se completam, e a necessidade do diálogo entre os saberes, faz ficar evidente que através do popular se tem o científico e os seus processos de construção para a ciência e evolução da humanidade.
Imagem de destaque: Raphael David | Riotur