Enciclopédia negra: uma referência fundamental na nossa estante

Alexandra Lima da Silva

Num país em que a maioria da população é negra, é importante ter referências negras. Nas nossas leituras, nas ementas das disciplinas, nos nossos telejornais, nas nossas novelas, em todo lugar. Referências importam. 

Por isso é tão importante termos obras como a Enciclopédia negra: Biografias afro-brasileiras na nossa estante. Organizada por Flávio Gomes, Jaime Lauriano e Lilia Schwarcz, o trabalho é um importante esforço para romper o escandaloso e “constrangedor silêncio que habita a maior parte dos arquivos brasileiros e coloniais, e, sobretudo, dos nossos manuais e livros didáticos. Neles, enquanto os registros de atos empreendidos pela população branca estão por toda parte, as referências acerca da imensa população escravizada negra que viveu no país desde meados do século XVI até praticamente o fim do século XIX, são bem escassas.” (GOMES; LAURIANO, SCHWARCZ, 2021). É preciso romper o silêncio. Por que a história do Brasil é branca?

Acredito que ao dar visibilidade a mais de 550 biografias de pessoas negras, a partir de conversa com a bibliografia especializada sobre o tema, os autores e a autora de Enciclopédia estejam promovendo sim, a tão almejada reparação histórica, ainda que tardia. Segue sendo urgente e necessária. Acredito que a partir dos nomes agora um pouco mais conhecidos na Enciclopédia, muitos outros nomes surjam. Porque como nos ensina a poesia de Carlos de Assumpção: “Não pararemos de gritar”.  


Imagem de destaque: Companhia das Letras

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