Valter Machado Fonseca
Esses dias, ao assistir a destruição criminosa do Pantanal e refletindo sobre as queimadas e desmatamentos na Amazônia, comecei a rabiscar este breve texto que agora compartilho com amigos e amigas. A Covid-19 talvez seja a expressão máxima dos avisos que a natureza (o planeta Terra) tenha feito à humanidade. A Terra tenta nos avisar de todas as formas possíveis sobre as incongruências de um sistema altamente nocivo a ela (Terra), um sistema autofágico que devora todos os ecossistemas, não respeitando seus limites e formas de autorregulação.
Há tempos, temos presenciado as grandes enchentes, nevascas, furacões, tempestades, desregulações climáticas de toda ordem. Porém, a humanidade insiste em não refletir sobre suas ações no planeta, devorando de forma cada vez mais irracional seus recursos naturais. Tudo para manter acesa a chama da mais-valia e a expansão infinita do capital e todas suas formas de dominação e opressão.
Neste cenário que beira ao barbarismo surge um minúsculo vírus, uma microscópica partícula que traz consigo uma sequência de RNA, envolta em uma cápsula de proteína (o SARS-Cov-2) que, apesar de sua composição aparentemente simples, possui um enorme potencial de ceifar milhões de vidas humanas. Talvez esta seja a expressão última dos recados que o universo dirige ao planeta Terra e à humanidade que o habita.
Trata-se da intervenção das forças universais, responsáveis pela manutenção do equilíbrio dos ecossistemas planetários, para eliminar os responsáveis pelo desequilíbrio, ou seja, a espécie humana. A lição deveria vir em forma de reflexão coletiva dos homens (providos de consciência) sobre sua própria ação sobre os limitados recursos do planeta. Este foi apenas um derradeiro aviso das forças universais ao conjunto da humanidade. Entretanto, parece que a humanidade não entendeu o recado ou simplesmente resolveu ignorá-lo.
Agora, entendo perfeitamente a célebre frase de Albert Einstein quando perguntado sobre a terceira guerra mundial. Ele respondeu “sobre a terceira guerra não sei dizer como será, porém, a quarta guerra mundial será com paus e pedras”. A mente genial de Einstein previu a quase extinção da espécie humana e sua tecnologia colocada a serviço da destruição do homem pelo próprio homem, conforme previu também o genial Karl Marx.
Caros (as) amigos e amigas! A terceira guerra está acontecendo neste exato momento, por intermédio da gigantesca escalada da destruição fascista que varre o planeta, assassinando milhões de seres humanos com mísseis ou pela fome, pelo armamento da população, pelas milícias organizadas pelo sistema capitalista, pelo genocídio indígena, de negros, mulheres, comunidades LGBTQI+, dentre outras. Estas são as mazelas de um sistema necrosado e para o qual, infelizmente, não temos substituto. Pois é! A terceira guerra está acontecendo com o assassinato das consciências e pela fragmentação dos explorados e oprimidos que se enfrentam para sobreviver a este “mar de lama” e se esquecem do verdadeiro inimigo, que os manipulam com os discursos fascistas e reacionários. Tais discursos agem sobre as massas humanas e provocam o assassinato em série da maioria das consciências humanas. E, esta terceira guerra será muito breve, historicamente falando. Tomara que eu esteja errado!
A quarta guerra já se faz anunciar e o seu mensageiro está no RNA do SARS-COV-2. Será a batalha final do Capital X Natureza, ou seja das ações ilógicas e irracionais da humanidade contra as forças que regem a dinâmica dos ecossistemas terrestres e aquáticos e também são responsáveis por regular a dinâmica universal. Então, a Covid-19 é apenas uma mostra do que virá em breve, muito em breve. Com certeza virá uma coisa muito mais potente que o SARS-COV-2. Virá para eliminar, de vez, o vírus que corrói e destrói o planeta, o ser humano e sua irracionalidade. Sobrarão muito poucos para fazer acontecer a profecia genial de Einstein: concluir a quarta guerra com paus e pedras. Amigos e amigas, tirem um tempinho de seus afazeres para refletir sobre tudo isso. Amo vocês!
Nota: As ideias elencadas neste texto fazem parte das reflexões contidas em um livro, no qual estou trabalhando para ser lançado no segundo semestre do ano de 2022: “A DINÂMICA DOS ECOSSISTEMAS: a dimensão socioambiental da COVID-19“.
1 – Pesquisador e Professor Adjunto II do Departamento de Educação da Universidade Federal de Viçosa (DPE/UFV). Escritor, Geógrafo, mestre e doutor em educação. Pós-doutorado em Educação do Campo, saberes populares e Agroecologia. Pós-doutorado em Ensino de História da África e afrodescendentes pelo PPGHIS/UFOP. Docente efetivo dos Programas de Pós-graduação (mestrado) em Educação (PPGE/UFV) e em Geografia (PPGeo/UFV).
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