Vagner Luciano Coelho de Lima Andrade
Lugar para contato com a natureza, contemplação da paisagem e exercício de atividade física, o Parque Municipal da Serra do Curral (Parque do Paredão) foi implantado no dia 08 de setembro de 2012. Com o papel principal de resguardar a Serra do Curral, patrimônio nacional tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e marco da Capital Mineira. O Parque fica situado em uma área aproximada de 400 mil metros quadrados, na Avenida José do Patrocínio Pontes, 1.951 (em frente à Praça Estado de Israel). O parque proporciona aos visitantes um panorama excepcional da Região Metropolitana de Belo Horizonte por meio de seus mirantes. Daí surge a possibilidade de uma visita pedagógica.
Há 10 mirantes ao longo da crista da Serra do Curral, dos quais alguns determinados o visitante pode adentrar para identificar atrativos turísticos da urbe e aspectos naturais de suas adjacências, como a Avenida Afonso Pena, o Estádio Mineirão, a Lagoa da Pampulha, o Morro do Elefante, o Morro do Pires, o Museu de História Natural e o Jardim Botânico da UFMG, o Parque Estadual da Serra do Rola-Moça, o Parque Américo Renné Giannetti, o Pico do Itabirito, a Serra da Piedade, entre outros. As trilhas estão fechadas devido a pesquisas científicas sobre flora ameaçada de extinção, encontrada na localidade no princípio de 2016, além de atos de readequação e manejo das trilhas, exclusivamente está disponível aos visitantes a caminhada livre (sem guias) até o mirante 03. A visita técnica explora conjuntamente elementos de ecologia, geografia e história.
Em função do solo das propriedades geográficas deste parque, os horários de funcionamento podem ser modificados ou suspensos, devido também a condições adversas, como baixa visibilidade, deslizamentos, raios, risco de incêndios, tempestade e ventos fortes. A riqueza pedagógica do local deve ser aproveitada por todas as modalidades de ensino, em dias viáveis, é claro. O número demarcado de visitantes no parque é de 700 pessoas por dia, alcançado esse número não será admitida a entrada de novos visitantes, sendo a entrada grátis, apenas a visitação em grupos deve ser informada com antecedência. A visitação se desmembra na percepção dos elementos de biodiversidade, geodiversidade e sociodiversidade.
O Parque da Serra do Curral expõe a gênese característica do conjunto que compõe o Quadrilátero Ferrífero e está estabelecido em uma região de mudança entre a Mata Atlântica e o Cerrado. Sua cobertura vegetal é constituinte pelos campos rupestres, que incidem nas áreas rochosas da crista da serra e especialmente pelas faces típicas do Cerrado, como o campo cerrado, o campo limpo, e o campo sujo que se alternam gradualmente da crista até a base da serra. A Mata Atlântica é mais representativa em áreas contíguas ao Parque, como o Parque Estadual Presidente Wenceslau Braz (a Mata do Jambreiro) e o Parque Prefeito Maurício Campos (Parque das Mangabeiras), formando assim um extraordinário corredor ecológico de vegetação conservada. Este mosaico ecológico, por si só já é de grande valia e impulsiona uma visita pedagógica ao local.
A fauna do Parque é igualmente bastante diversificada e a avifauna é a mais significativa. Nele foram identificadas mais de 125 espécies de aves: algumas endêmicas do Cerrado, como a campainha-azul, e outras corriqueiras em regiões de montanhas, como águia-chilena, também encontrada na Cordilheira dos Andes. Choca-da-mata, chorozinho-de-chapéu-preto, coruja caburé, gavião carcará, gavião carrapateiro e sanhaço de fogo são outras espécies encontradas. Para os educadores se programarem para visitar o parque é importante que haja um planejamento prévio e uma preparação dos alunos.
Em janeiro de 2012, o falcão-cauré (Falco rufigularis), jamais registrado em Belo Horizonte, foi identificado no Parque por uma coligação de observantes de aves durante uma visita técnica. Neste contexto, antes da visita ao parque, os alunos devem ter noção de conduta e regras do local visitado, bem como terem estudado com os professores os elementos básicos da ecologia, geografia e histórica.
Durante muitos anos funcionou aos pés da serra a FHR – Fundação Hilton Rocha (pública) e IFR – Instituto Hilton Rocha (privada), em um prédio onde funciona hoje o Orizonti – Instituto Oncomed de Saúde e Longevidade. Neste contexto, a ideia deste texto, além de apresentar o Parque Municipal Serra do Curral como recorte pedagógico, é propor um projeto de lei que dê o nome do Professor Hilton Rocha ao Parque. Mas quem foi Hilton Ribeiro da Rocha? Foi um médico brasileiro da área de oftalmologia nascido em Cambuquira, aos 23 de dezembro de 1911 e falecido aos 21 de maio de 1993, em Belo Horizonte.
Mudou-se para a capital com 10 anos. Com graduação em medicina iniciada em 1928 pela Faculdade de Medicina de Minas Gerais concluída em 1933. Especializou-se em Oftalmologia, em 1942 e, com 31 anos, tornou-se docente catedrático da UFMG, quando agiu no Hospital São Geraldo. Em 1959, estabeleceu e coordenou o curso de especialização em Oftalmologia e, em 1970, o doutorado na área, ambos no instituto filantrópico que viria a ter o seu nome, criado em 1979. Foi, por duas vezes, presidente da AMMG e, por uma vez, da Associação Médica Brasileira, bem como membro da Academia Nacional de Medicina em 1972, sucedendo a Francisco Victor Rodrigues na Cadeira 79, que tem Olympio Arthur Ribeiro da Fonseca como paraninfo. Foi o 3º ocupante da cadeira nº 21 da Academia Mineira de Letras.
Sobre o autor
Vagner Luciano de Andrade – Agente Ambiental em Ação. Agente Educador e Mobilizador da Rede Ação Ambiental, com formação em Geografia, História, Pedagogia, Gestão Ambiental, Biologia e Turismo.
Para saber mais
https://ammg.org.br/noticia/homenagem-a-hilton-rocha/
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