Aproximadamente, há um ano, eram fechadas as portas de acesso às Universidades. Um fechar de portas não intencional, e sim para garantir o direito à vida. Estar isolado, é uma medida para garantir a sobrevivência, da gente e de quem está próximo, é saber reconhecer que este é um ato de empatia, de dar ao outro um pouco de esperança, de diluir o medo. A universidade faz falta para muitos, mas, é preciso reconhecer que a universidade não é só um espaço de conhecimento acadêmico e sistematizado, é um espaço de ser e estar, de diálogos, de rodas de conversa sobre a vida, de nossos desafios, questões pertinentes como: O que vou fazer depois que formar? Das discussões políticas, de lutar todos os dias por uma educação inclusiva e de qualidade, um espaço de dividir alegrias e angústias. Estar isolado tem se tornado um desafio para quem vive, é um estado ocioso e cansativo, de estar no vazio, onde, muitas vezes, é a gente com a gente mesmo.
De algum modo, é preciso repensar as maneiras de não entrar nos vazios do isolamento, e para isso é preciso resgatar nas memórias momentos de afeto. A memória é um instrumento que tem a capacidade de ir e vir, trazer momentos que estão ali, gravados, sentidos e vivenciados de diversas maneiras. A memória é uma Maria fumaça que transita pelas serras de Minas, é um pão de queijo com café, as aulas de colorir na educação infantil, são os amigos, os conflitos, é a vida! Resgatar a memória de momentos de afeto é essencial para sobreviver nos dias difíceis. Estamos passando por uma tempestade, um furacão, na luta contra o vírus, e ao mesmo tempo em que temos que lidar com um desgoverno que deseja apagar as memórias de afeto na tentativa de reescrever o desgosto e a desilusão. É preciso resgatar as memórias de afeto, é preciso beber delas as oportunidades de, continuar lutando, e de buscá-las com frequência para garantir o nosso direito de viver.
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