Diário de um Estudante Ocupado – Ocupa CAD 2

Diário de um Estudante Ocupado

Ocupa CAD 2

Sete horas da manhã e a cantora Nina Simone já enchia a caixa de som da ocupação do CAD II.It’s a new day, it’s a new life, and I’m feeling good. Enquanto a maioria se levantava, o último turno da segurança, que tinha ficado nas rondas de 4h às 6h, ia se deitar.

Antes da música, a galera da cozinha já tinha preparado o café para todos nós. Tudo aqui é bem simples; o café preto, o bolo de fubá, o pãozinho… grande parte dos alimentos chegam das doações e todos são feitos com muita dedicação e muito compromisso. Não tem banquete, mas todo mundo come. E se não come, passamos fome juntos.

De barriga forrada, começava a primeira atividade da manhã. A assembleia é um dos momentos mais importantes do dia. Sentados em roda, todos podem ter a palavra para fazer propostas sobre questões da ocupação. As discussões se transformam em debates acalorados de cunho político e social, sobre o que significa ocupar, conviver, protestar, educar e até mesmo o que significa o próprio ato de debater.

O batuque dos tambores chamava para o almoço. Todos podem ajudar a fazer a refeição, mas sem se esquecer que cada um deve lavar o que sujar. Aliás, lavar o próprio prato talvez seja a coisa mais individual que fazemos na ocupação. Viver aqui significa passar a maior parte do tempo fazendo coisas em prol do coletivo, o que é radicalmente diferente do nosso modo de vida lá fora que, na maioria das vezes, é individualizado e gira em torno apenas da nossa própria rotina.

A programação cultural da ocupação recomeçou com diversas atividades e oficinas. O tema do aulão do dia foi “Autoritarismo e a PEC 241”. As discussões são muito enriquecedoras para todos os ocupantes, já que barrar a PEC 241 é o objetivo primordial da ocupação. Afinal, tirar de quem mais precisa? Congelar investimentos na educação e na saúde? É muito importante que todos saibam do que a PEC se trata e o quanto ela vai afetar a vida de cada indivíduo.

Durante a tarde, as atividades iam seguindo. Oficina de cartazes em conjunto com a Belas Artes, rodas de conversas com profissionais de diversas áreas, uma aula de como se requebrar no bambolê… é impossível permanecer parado na ocupação. Se mesmo assim você não estiver fazendo nada, o pessoal da limpeza sempre tem um banheiro que precisa de ajuda com o pano de chão.

Já nos embalos para uma boa noite de sono, a sessão de cinema vem para relaxar – ou às vezes vem para nos fazer pensar tanto, que o relaxamento precisa ficar para outra hora. A da vez foi o documentário “A Revolução Não Será Televisionada”. Parece apropriado. A revolução está acontecendo aqui dentro. De mini revoluções a revoluções gigantescas. Às vezes, parece que ninguém está vendo: por que isso não está passando na tevê? Mas a verdade é que todos deveriam ver com seus próprios olhos. É só chegar, entrar e olhar. E com tanta coisa para fazer, nem vale ficar só olhando, a palavra de ordem é participação.

Antes das luzes se apagarem e das barracas se fecharem, fica o aviso: fazer parte de uma ocupação vai muito além de lutar pelos nossos direitos, é uma verdadeira aula de cidadania. Eu só fui perceber tudo isso quando ocupei, e aí me ocupei.

Ocupa CAD 2

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