Dia do professor: há mais que homenagens?

Raquel Barreto Nascimento

Há quem diga que dia do professor é todo dia. Que não há profissão mais nobre e que são estes profissionais que levam a educação a outro patamar. Que são eles que lutam com dedicação e bravura pelo futuro de seus alunos. São intitulados, muitas vezes, como portadores e incentivadores da esperança, heróis e heroínas da educação. Corajosos, valentes, dedicados e inspiradores, são apenas alguns dos tantos adjetivos elogiosos que enchem as redes sociais a cada 15 de outubro.

Nesta data, considerada tão nobre, chovem flores, homenagens e declarações. Poesias, poemas e canções invadem as telas, reforçando o sentimento de gratidão expresso em cada palavra pelos alunos, seus pais e corpo gestor, personagens que reconhecem o professor como força motriz para que o “moinho” da educação continue a girar. Dia de gratidão, por certo os professores se sentem abraçados e amados ao receber cada uma destas declarações. As guarda, em seu coração, como o símbolo do reconhecimento de seus esforços, de seu empenho e dedicação.

No entanto, além de lhes render homenagens, hoje, e não somente hoje, é momento para refletir. Uma rápida busca no Google nos oferta as manchetes: “Brasil tem 2,6 milhões de professores e é 1º em ranking global de agressão a educadores: números da profissão no país”, “Professores falam sobre desafios e amor pela profissão: ‘maior satisfação é ver evolução do ser humano’”, “Dia do Professor: superação marca o trabalho longe da sala de aula na pandemia”, dentre outras matérias que nos revelam algumas das dificuldades e desafios enfrentados pelos professores.

Estas reportagens, sem dúvidas, refletem apenas uma parcela das adversidades enfrentadas pela classe. Os baixos salários, as condições precárias, a desvalorização, a sobrecarga de atividades e a dificuldade de comunicação com os pais dos estudantes têm marcado a realidade dos professores no país. Em tempos de pandemia, tais dificuldades também têm se evidenciado, nos revelando que, longe de serem apenas “heróis sem capa”, os educadores passam por aflições, descontentamentos, desamores, ou seja, sentem as mais distintas emoções.

Deste modo, longe de ser uma crítica, este texto tem por objetivo ressaltar que as congratulações aquecem o coração, mas sempre é tempo de cobrar respeito e dignidade, bem como condições de trabalho e salários melhores para estes educadores que com sangue e suor se gastam e se permitem gastar em favor dos seus alunos e de sua comunidade. Um feliz dia dos professores para todos(as/es)!


Imagem de destaque: Thiago Rosado

 

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