Democracia: Um por todos, todos por um – Dalvit Greiner

Democracia: Um por todos, todos por um

Dalvit Greiner

Paz sem voz, não é paz. É medo!

“Qual a paz que eu não quero conservar

Para tentar ser feliz”

(O Rappa, 2001)

31 dias de usurpação de um governo eleito pelo povo

Esta semana, domingo próximo, acontece a Festa da Democracia. Assim mesmo, com letra maiúscula para demonstrar a importância do dia e do ato. E como nós, brasileiros, gostamos muito de festa, tenho certeza de que esta será tão boa quanto as outras. Espero, apenas que respeitem o resultado da eleição, pois por pior que pareça ser aos nossos olhos, diante de nossas verdades, é a escolha do povo. É uma festa, não uma guerra. O resultado da eleição produzirá efeitos nos próximos quatro anos e se não gostarmos do projeto vencedor, em 2020 escolhemos outro.

Como este é um exercício de voto, a maioria das pessoas confunde a Democracia com o Voto. Se voto, vivo num ambiente democrático. Se não voto, vivo num ambiente autoritário. É uma fórmula fácil. E fácil porque autoritária. Mas, não é apenas o voto que caracteriza uma Democracia. As eleições de objetivos e projetos ou de pessoas nas grandes democracias são procedimentos que se manifestam pelo voto. Poderíamos escolher nossos governantes de outra forma que não o voto. Na antiga Grécia, por vezes usava-se o sorteio; numa empresa usa-se a experiência expressa no currículo; um bom técnico de futebol usa a habilidade de determinado jogador dependendo da análise que faz do time adversário. Então sorteio, experiência e habilidade são também outros critérios de escolha de pessoas para conduzir o grupo e o projeto a determinadas metas e objetivos.

Mas, antes das pessoas, os objetivos devem ser escolhidos e estes devem ser a resultante do projeto a que se lançou o grupo ou das carências que deve suprir. É aqui que a porca torce o rabo: é aqui que se sabe se o grupo é autoritário ou democrático. Quando falamos de projeto falamos de um grupo de pessoas reunidas em torno de algo comum – um desejo ou uma tarefa, segundo Enriquez – e assim todos se lançam nessa construção.

Por isso é muito importante conhecermos o Partido Político e não apenas o candidato. O Partido é o verdadeiro portador do projeto que se quer para a cidade. Se o projeto é de apenas uma pessoa ou um pequeno grupo, é preciso ficar muito mais atento.

Num grupo autoritário não existe desejo coletivo: o desejo de um líder se manifesta e o grupo que se identifica com ele segue-o cegamente. Em geral o líder é o resultado de uma escolha sobrenatural: um estrangeiro, um iluminado, um demiurgo, um milionário. Alguém com conhecimento externo, portador das luzes de uma razão duvidosa, mas com uma grande capacidade de aglutinação. Não estou falando de religião, mas de política naquilo que ela tem de religiosa. Ali a palavra do líder é indiscutível. Seja pelo carisma, pela força, pela promessa ou pelas riquezas o líder vai tornando o grupo um homogêneo granito que o sustenta. Como numa estátua, onde nada se muda. O líder torna-se o responsável por tudo e todos. Quando vem a queda, a principal fala dos membros do grupo é: estava apenas cumprindo ordens.

Num grupo democrático há discussão para validação ética do projeto, para a construção de estratégias, para a busca de recursos. Há uma valorização do grupo como motor para execução do desejo e consequentemente de identificação e adesão ao projeto. O papel dos líderes é aglutinar pela argumentação. O convencimento não é apenas dos bônus, mas também dos ônus daquele projeto. Aqui também temos algo de religioso. A minha identificação com o projeto passa pela minha crença no seu sucesso e nos procedimentos necessários para atingi-lo. Os benefícios são de todos e para todos, para cada um. Os custos também. Isso gera em mim uma necessidade de preparação para o debate e meu senso de responsabilidade me impele a sentir tudo e todos. A formação constante do ser humano se dá nesse momento em que ele põe o seu conhecimento a serviço da comunidade. Tenho, portanto, um dever ético-moral de cooperar – operar junto.

Dessa maneira, a política não se encerra quando fechamos as urnas. Ela continua. Sabemos que o projeto escolhido é democrático quando se abrem canais de participação da comunidade após este momento festivo que é a eleição. Assim, a democracia deixa de ser um procedimento para se tornar um valor. E, por fim, uma comunidade que se quer democrática precisa de entendimento e adesão. Isso requer uma grande responsabilidade individual para se tornar coletiva: um por todos para que todos sejam por um.

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