Complexos e plurais: Uma noite em Miami

Alexandra Lima da Silva

Dirigido por Regina King, que faz a estreia na direção, o filme Uma noite em Miami reúne num mesmo quarto de hotel, quatro emblemáticos homens negros: o ativista Malcom X, o pugilista Cassius Clay/Muhammad Ali, o cantor/produtor Sam Cooke e o atleta Jim Brown. 

O ano é 1964, e Cassius Clay acaba de se tornar campeão mundial de Boxe aos 22 anos. Mesmo tendo se tornado “o rei do mundo”, este ainda era um mundo hostil e perigoso para pessoas negras. Ao se reunir com outros 3 homens negros de sucesso num mesmo quarto, Malcom X tentava convencê-los de que a luta contra o racismo e as opressões deveria uni-los. Malcom X acreditava que esses homens negros de destaque e sucesso, deveriam ser vozes na luta contra o extermínio da população negra. Para ele, causas individuais não importavam. Só a luta importava. 

As primeiras cenas do filme têm a missão de apresentar os 4 personagens e um mesmo inimigo: o racismo e a não aceitação. A nenhum deles é permitida a entrada no “mundo dos brancos”. A nenhum deles é permitida a entrada “na casa branca”.

Ao se reunirem numa mesma cena, os muitos conflitos também afloram. Apesar de um inimigo comum, tais homens não são iguais. São complexos, e cada um, à sua maneira, constrói sua própria “biografia de sucesso” numa sociedade racista. Com diálogos profundos e densos, temas como masculinidade negra, colorismo, luta de classes, direitos civis ganham destaque. 

Apesar das muitas diferenças e conflitos entre eles, todos são tocados e inspirados, de alguma maneira, por aquele encontro. As vidas daqueles 4 homens negros se transformam após aquela noite em Miami…


Imagem de destaque: Amazon Studios / Divulgação

 

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