Carta de mim para mim mesmo

Sander Palmer*

Inicio este texto sentado em uma montanha russa, nestes trilhos cheios de mistério não sabemos o que pode surgir depois de uma curva, as vezes o carrinho sobe e as vezes desce, mas uma coisa é certa diante disso tudo estou sempre com “borboletas no estômago”.

Reconhecemos que, estamos vivendo um período em que o medo tem tomado conta de muitos espaços, entre eles, os espaços de afeto. A incerteza de um futuro, e ao mesmo tempo a certeza de um possível futuro sombrio, faz com que a esperança se anule e dá lugar à desesperança.

Em um outro momento deste texto, busco a poética para me esperançar novamente, e é da desesperança que é possível encontrar este lugar de esperança, é na desesperança de Manuel Bandeira que encontrei o caminho do Esperançar de Paulo Freire.

Manuel Bandeira diz em seu poema: “Há, como dói viver quando falta esperança!”, Paulo Freire, em seu poema completa dizendo: “Esperança do verbo esperar não é esperança, é espera.” Em letras garrafais escrevo estes versos, e os envio na forma de carta, todos os dias a mim mesmo, como forma de me lembrar que estou vivo, e que o futuro sombrio sempre existiu e junto dele o esperançar.

É certo que, a tempestade de desesperança não é natural, ela é produzida por alguém, ou por muitos alguéns, os tempos sombrios estão escritos em poemas desconexos, e com a finalidade de apagar de outros poemas as vidas que nos dão esperança. Quem é o autor deste poema sem poética? O bolsonarismo.

Será que o bolsonarismo conseguiu acabar com o esperançar? Receio que não, hoje o esperançar está ainda maior, hoje o esperançar é poder escutar e dar sentido As Meirelles, As Nilmas, As Áureas, As Conceições… O esperançar vem dos afetos em movimento que nunca adormecem.

*Graduando em Pedagogia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é Mobilizador Social, Educador Social. Participa do Grupo de Estudos e Pesquisas em Psicologia Histórico-Cultural na Sala de Aula (GEPSA). Faz parte do programa Pensar Educação, Pensar o Brasil como bolsista Voluntário e no Núcleos de Assessoramento à Pesquisa (NAPq) FaE também como Bolsista.


Imagem de destaque: Joanna Kosinska / Unsplash

 

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