As ciências, vários girassóis

Sander Palmer

Recriar histórias foi fundamental para sobreviver em 2020. Resgatar textos, transitar entre páginas, versos e estrofes, e, de certo modo, a necessidade de estar com os pés no chão. O cansaço deste ano repousa lentamente sobre diferentes braços. A escrita alonga nossas fibras dos sentido, da ponta do lápis que os rabiscos são escritos, todos em tiras pontuados em papéis. Um rastro de cometa, rápido como um vento, várias cabeças pensantes, corações vivos, ansiosos, atentos, com vontade de transformar o mundo, ou melhor de salvá-lo.

Ciências dos Sonhos
Ciências Físicas
Ciências Naturais
Ciências Abstratas
Ciências Humanas
Ciências da Vida
Ciências da Educação
Ciências…

Conta-nos os inimagináveis coronéis do poder, que a ciência não existe. Sim, senhor! Sentido! Direita, volver! É o fim! A boca feroz do militarismo conservador mastiga e cospe as oportunidades de sonhar as ciências. Do mesmo lado da linha, um presidente sorridente diz não à vacina, rebate a ciência política, e faz crítica contra a democracia. Usa o interruptor, deseja apagar todas as luzes, marca nossos corpos, deseja incansavelmente nos silenciar. Mal sabe ele, a Ciência nunca se cala, e, mesmo na escuridão, ela vive. Cria, recria, vive, morre e está sempre em movimento. O período pode ser de escuridão, o sol pode brilhar pouco, mas seguimos firmes, olhando um para o outro. Talvez esteja aí a força de lutar pela ciência,  olhar para o outro e não desistir, perceber que o mundo escreve histórias a todo momento. Histórias de sensibilidade, de afetos, das Ciências das relações, de páginas nas quais o medo não se faz presente. Essa é a nossa lição, a lição do girassol. Lembrar que em dias escuros, ele busca na luz do outro a razão de lutar. E Lutar é a ciência do querer, do viver, do estar, do ser. É preciso “ciênciar”.


Imagem de destaque: Lachlan Gowen / Unsplash

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