Editorial do Jornal Pensar a Educação em Pauta nº201
Nas últimas semanas, mais uma vez, o governo golpista de Temer e seu comparsas mostrou a que veio. Sem nem pensar em rever a atual política do petróleo e seus derivados, da qual resultou um aumento de quase 100% dos preços dos combustíveisnos últimos dois anos e a tentativa de desmonte da Petrobrás, o governo apresentou a proposta de subsidiar o preço do óleo diesel como solução para a greve das grandes empresas de transporte rodoviário e dos caminhoneiros autônomos. Com isso, decidiu que toda a população deve pagar para que as empresas e os caminhoneiros tenham um combustível mais barato.
De uma penada só, o grupo que tomou de assalto a República mostrou várias de suas faces. Uma delas, é aquela que retira recursos da parte mais pobre e vulnerável da população e os repassa para a população mais rica e para as grandes corporações nacionais e internacionais. Para buscar os recursos necessários ao subsídio estabelecido, a saída posta pelo governo foi realizar cortes nos orçamentos da Educação, da Saúde e da Ciência e Tecnologia, dentre outras áreas.
Imediatamente tais cortes resultaram em medidas que dificultam ainda mais a vida das populações mais vulneráveis e, ao mesmo tempo, criam barreiras para que pensemos num futuro mais promissor para o conjunto da população brasileira. Um exemplo do primeiro caso é suspensão do Programa Bolsa Permanência para estudantes indígenas e quilombolas nas universidades. A suspensão dos do programa pode impactar até 5.000 estudantes até o final de 2018.
Já o MCTIC, esse esdrúxulo resultado da (com)fusão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação com o Ministério das Comunicação, sofreu novos cortes que não apenas impactam o financiamento de pesquisas já aprovadas e em andamento em todo o país, mas empurra mais ainda para o buraco um dos organismos mais tracionais e importantes para a ciência e tecnologia no país: o CNPq. Desde que assumiu o poder, o governo golpista tem, sucessivamente, retirado verbas do CNPq, o que tem deixado, nos últimos meses, a comunidade científica e acadêmica sobressaltada com o funcionamento irregular da própria máquina administrativa e o setor de informática do órgão.
A “solução” dada para a “greve dos caminhoneiros” mostra que a “política Robin Hood” ao contrário está a pleno vapor no Brasil sob o comando do grupo golpista. O desmonte da Petrobrás e a entrega do pré-sal para as grandes petrolíferas estrangeiras mostra que o pagamento pelo apoio ao golpe continua e, ainda mais, que não há limite para a entrega de nossas riquezas ao capital internacional.
A situação atual seria cômica se não fosse trágica: há alguns anos pensávamos que os recursos do petróleo e dos combustíveis financiariam a saúde, a educação e a ciência e tecnologia. Hoje, são essas áreas que financiam a política antipopular e antipatriótica de combustíveis estabelecida pelo governo federal. Essa é uma forma cabal de demonstrar os verdadeiros objetivos do golpe de 2016 e suas nefastas conseqüências para o país. E não se ouve nenhum barulho de panelas, apenas os gritos quase inaudíveis dos patos sendo depenados para o banquete oferecido pelo governo golpista aos financiadores do golpe!
Imagem de destaque: Pedro Cabral