A mesma fórmula da mesma coisa chama-se repetição. Em política chama-se “neo”. Um jeito bacana de falar “novo”. Em política, desconfie sempre de todo discurso ou atitude de governo que se diz neo ou novo. Este é um forte indicativo de que algo velho, muito velho terá uma nova roupagem e será vendido como aquilo de mais moderno que existe no mundo. Porém, tal novidade é algo novo apenas para essa geração. Gerações passadas já experimentaram fórmulas desastrosas. Daí vem aquela máxima de que não aprenderam História quando acreditam em fórmulas fracassadas em política ou até mesmo em outras áreas. Porém, a questão não é de aprendizado da História e sim de Experiência.
A geração com menos de trinta anos experimentou a Nova República, um grande acordo para perdoar os vinte anos anteriores àquela época. O tempo duro da ditadura resultou naquele acordo chamado “anistia ampla geral e irrestrita”. Perdoou-se tudo e todos. Não olhar para as fraturas e escoriações fez com que esquecêssemos as vítimas e os assassinos. Acreditamos que a dor passaria e, de fato, iniciaríamos algo novo. Ledo engano: os velhos no governo, para salvar suas peles e de seus filhos velhos, costuraram uma aliança entre si e uma maioria impondo ao povo a Nova República.
A novidade mesmo, foi a volta da esquerda, dos radicais aos de centro. A experiência que aquela juventude dos anos noventa do século passado ainda não havia sentido era o de uma esquerda livre para se organizar e lutar. Ganhamos uma nova constituição graças a isso. Uma esquerda barulhenta e ousada conduziu a Constituição de 1988 tornando-a mais popular e democrática. Graças às intervenções à esquerda, a Constituição de 1988 e algumas leis que a regulamentaram ampliaram bastante bem a participação popular e o olhar do Estado para o povo. Nova, mas não a ideal. Nova e considerada cara pela direita brasileira. Nova como experiência para a juventude na medida em que os mais velhos já haviam experimentado a Constituição de 1946 e tornado-a letra morta com o regime militar. Tornou-se letra morta pelos mesmos motivos que agora enterram a Constituição de 1988.
Agora, o novo é mais escancarado. Chamam-se Empreendedorismo, Partido Novo, Nova Previdência, Reforma Trabalhista, Reforma Tributária, Future-se! Tudo muito novo, apenas no nome, na medida em que tentam ressuscitar um velho chamado neoliberalismo que vem tentando se reerguer desde os anos 1980. Ao enterrar a Constituição de 1988 os velhos da já antiga Nova República buscam novamente vender a novidade para a população chamando-a para, novamente, rechear suas contas bancárias aqui e no exterior.
Com uma promessa de encher os olhos -a volta do emprego – a nossa direita faz o discurso que pega o povo na sua necessidade mais básica: a comida. A tentativa de vender o país, numa política entreguista, não é apenas em relação aos nossos recursos naturais, mas também em relação ao povo. Tenta-se vender o povo brasileiro como um escravo barato que trocará a sua força de trabalho por um prato de comida. Todas as reformas e novidades que se apresentam buscam baratear a força de trabalho do povo brasileiro propagandeando notícias como o desemprego norteamericano de dois por cento. Uma tinta nova numa casa velha com a promessa de que o emprego virá. Duvido!
Um bom governo nunca “venderia” seu povo como os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro vem fazendo descaradamente. E podemos trocar, sem nenhum problema, o termo “venderia” por trairia seu povo, assim mesmo, sem aspas nem rodeios. O que já nos dá justificativa moral para derrubar o atual presidente. A minha geração, que engrossou os partidos à esquerda, experimentou a Democracia e a Constituição de 1988, com todos os problemas imagináveis e inimagináveis.O que esta geração está experimentando é a traição. As ações do atual presidente são de lesa-pátria.
Não veremos nenhuma novidade partindo da direita e da elite brasileira. A direita é subserviente e a elite predatória. Continuarão assim: é do seu caráter. O que veremos será a mesma fórmula de exploração da força humana e expoliação da dignidade humana pelo capital. O resultado dessa fórmula é a redução do ser humano ao mínimo, a mera fonte de energia motora. A valorização do trabalho e do trabalhador virá apenas da classe trabalhadora.
Como não há nada de novo sob o sol ficamos com a questão: fazer o quê? A sociedade é uma novidade diária. Com toda a sua história e sua experiência, qualquer grupo é algo vivo e dinâmico testando diariamente novas possibilidades de vida e de vivência. É assim que acontece a vida e com ela, a política, isto é, a arte de viver juntos. A nossa resistência tem que, necessariamente, ser mais solidária e mais criativa. Mais com todos e menos comigo. Mais política e mais na rua. E, por fim, não devemos nunca fortalecer o Capital.
Imagem de destaque: anya1 / Pixabay
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