“Se tivermos sorte chegaremos à barbárie”. Inicio esta postagem com esta frase do grande pensador húngaro Ístvan Mészáros. Eles prometeram e estão cumprindo à risca o receituário neoliberal que de novo não tem absolutamente nada. O capital em crise estrutural libera todo o potencial de sua força destrutiva orientada para o desmonte total das conquistas seculares obtidas pela classe trabalhadora e a juventude, enfim, extermina os direitos de todos os setores marginalizados e oprimidos desta sociedade regida pela ganância capitalista.
Vive-se um período marcado pela crise intensa da técnica e da ciência, pelas opacidades, pela coisificação do homem e da natureza. Vive-se num tempo onde os projetos de homem e de natureza, se perdem no “buraco negro” resultante da crise capitalista dos tempos modernos. Vive-se um período onde coexistem dois mundos: o primeiro trata-se de um submundo virtual, dirigido por tecnocratas insanos, os quais são responsáveis por ditar os destinos e os rumos da humanidade. Pairam sobre ela como juízes supremos, intocáveis, que a todos podem julgar e por ninguém podem ser julgados.
O segundo trata-se de um submundo real, habitado pela grande maioria da população global, imersa no gigantesco lamaçal da corrupção, da miséria, desemprego, fome, violência. Trata-se de uma sociedade chamada de “altamente informatizada”, mas que, no fim das contas desinforma, que no fim das contas atomiza as pessoas como partículas insignificantes dentro do colossal universo da degradação ambiental e da degradação econômica, política, cultural e social do ser humano. Trata-se de uma sociedade que coloca o homem na luta contra sua própria espécie e, em última instância o coloca na luta pela derrocada de todo o sistema planetário, para, enfim glorificar e fazer triunfar a mais-valia como mola mestra de um modo de produção autofágico e altamente destrutivo.
Tudo isso anda na contramão das contradições dos discursos eleitoreiros hipócritas e mentirosos que circulam nas principais redes das grandes mídias, sejam elas escritas, faladas ou televisivas. “Que país você quer para o futuro?” Lembram-se disso? Este é o slogan lançado pelos baluartes da grande mídia, uma propaganda enganosa que utiliza o povo simples de nosso país para fazer sua propaganda eleitoreira enganosa, enquanto se constroem projetos espúrios para a destruição total de todas as conquistas históricas da classe trabalhadora.
As forças destrutivas, decorrentes da incapacidade criativa do capital em produzir mercadorias que tenham valor real para as necessidades vitais dos povos, estão chegando ao limite da compreensão do cérebro humano. O homem, assim como a natureza, já está coisificado; sua única função é aquecer as vendas dos mercados consumidores e proporcionar mais uma etapa de sobrevida ao sistema em decomposição. As doenças antigas que, ora, retornam e as novas que surgem em decorrência da dinâmica alucinante das novas tecnologias que sustentam a superfluidade do sistema, são também utilizadas para a produção de mais-valia, além de alimentar o atual modelo econômico de produção. Assim, o capital, autofágico por excelência, sobrevive da própria infelicidade humana e da miséria que produz. É a serpente comendo a própria cauda.
No atual estágio de mundialização do capital, o ser humano e, em especial a parcela mais sofrida da humanidade, é vítima de sua própria existência na sociedade regida pela mais-valia. O homem, neste modelo de sociedade, é apenas uma partícula atomizada, insignificante, diante do modelo autofágico regido pela ambição, voracidade e ganância capitalistas.
O fato é que as evidências da enorme potencialidade destrutiva do capital, tanto em níveis de destruição da natureza quanto em níveis de degradação da vida humana, do trabalho e mesmo da integridade humana em sua essência, traz à tona os contornos, as características e a intensidade da crise estrutural do capital. Na verdade, qualquer fio de esperança em relação às promessas de um futuro menos incerto, no contexto do campo das forças hegemônicas do capital, se esmaece, desaparece das mentes de todos os setores explorados desta sociedade, até mesmo dos mais otimistas.
Na atual fase de tensões, conflitos e desequilíbrios, o capital só tem a oferecer à humanidade um conjunto de mazelas que só podem conduzir a um caminho: a autodestruição da espécie humana da face do planeta, senão fisicamente, pelo menos como seres pensantes, capazes de opinar e decidir sobre sua própria condição de seres providos de “certa” capacidade de raciocínio. Esta última hipótese, talvez seja infinitamente pior que a extinção meramente física da espécie humana.
Mas, com toda certeza, sob a “lógica” e os ideários ultraliberais, o capital ainda vai permanecer em seu estado de aprofundamento da superexploração da natureza e do homem, enquanto houver uma única gota de sangue que possa ser utilizada para manter o status quo da expansão dos domínios do capital.
Imagem de destaque: Jo Lorib