A extensão universitária como instrumento de participação e inserção social
Manuela Garcia de Oliveira
Por acreditarmos que o estudo é uma aventura intelectual (ou espiritual) que transforma em profundidade aquele que aprende, tal qual nos fala Ione Valle, no belo texto “Justiça na escola: das desigualdades justas à igualdade sem adjetivos”, publicado pelo Núcleo de Publicações da UFSC, em 2010 -, decidimos compartilhar com os leitores de o Boletim Pensar a Educação em Pauta a experiência de um projeto de extensão desenvolvido com jovens em situação de vulnerabilidade social e que tem nos proporcionado momentos de muito aprendizado.
Iniciado em 2014, o projeto de extensão A aprendizagem solidária como instrumento de participação e inserção social de jovens em situação de vulnerabilidade social no município de Petrolina-PE, tem por finalidade, construir uma cultura de aprendizagem em grupo, que seja ao mesmo tempo solidária e colaborativa.
O projeto está na sua segunda edição, sendo o seu público-alvo composto por jovens de 14 a 25 anos, que participam do programa Vida Nova – Centro da Juventude, vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos (SEDESDH) do Governo do Estado de Pernambuco em parceria com a Secretaria Executiva de Políticas para a Juventude e Profissionalização do município de Petrolina.
Centrado nas atividades de monitoria, o projeto visa, sobretudo, auxiliar os jovens na compreensão de conteúdos específicos das disciplinas de Matemática e Língua Portuguesa, a partir da mediação de estudantes dos cursos de Matemática e Letras, da Universidade de Pernambuco – UPE.
As ações foram realizadas no período de maio a novembro do corrente ano, no Centro da Juventude, local que oferece diversas atividades, em turnos distintos, no âmbito da cultura e da cidadania. Com aproximadamente 150 jovens, a frequência escolar é uma das condições para a permanência e recebimento da bolsa oferecida pelo Governo do Estado de Pernambuco.
A metodologia do trabalho é simples. Inicialmente, fizemos a escolha dos monitores, isto é, àqueles que possuíam mais habilidades nas áreas de Matemática e Língua Portuguesa foram convidados a colaborar com os colegas. Cada monitor ficou responsável pelo atendimento em pequenos grupos, acompanhados dos estudantes universitários.
Nesta edição foram atendidos 94 meninas e 56 meninos. Destes, 87 estavam matriculados no Ensino Fundamental e 63, no Ensino Médio. Das atividades de Língua Portuguesa participaram 65 jovens e 84 de Matemática. Dentre os trabalhos realizados, destacamos o uso de diferentes gêneros textuais, visando à discussão e compreensão de temáticas relacionadas à realidade social dos estudantes (jogos de equação e aritmética, dinâmicas, produção textual compartilhada, aulas extraclasse). O projeto proporcionou, ainda, visitas guiadas à Universidade de Pernambuco, aproximando o jovem do ambiente universitário.
Vale lembrar, aqui, os estudos realizados por Castro e Abramovay (2002), nos quais identificaram que nas pesquisas com jovens é comum uma referência ambígua à escola, a qual se critica, mas se considera importante. Para as autoras, a escola é uma das referências básicas para os jovens, não só pela ideia de que é necessária para o mercado de trabalho, mas também pelas relações com os colegas – a sociabilidade de pares – e com os professores. Por isso, a ambiência escolar deveria ser o ponto focal de políticas públicas, o que supõe a preocupação com a qualidade de ensino, e com o acompanhamento das relações sociais nas escolas, como oportunamente assinalam as autoras.
Sobre essa questão, Ávila, Batista e Silva (2013), chamam a atenção para a importância do monitor, uma vez que ele dispõe de mais tempo que os professores e, além disso, utiliza linguagem de fácil compreensão entre os pares. Neste sentido, temos evidenciado que o desenvolvimento das atividades de monitoria, por meio do conceito de aprendizagem solidária, proporciona não somente a troca de conhecimentos, mas também auxilia no desenvolvimento de estratégias de participação e inserção social, tanto no interior, como no entorno da escola, sendo que ainda promove a vivência de valores que aguçam o espírito de fraternidade e colaboração entre os jovens estudantes.
Dentre seus objetivos específicos, o projeto busca favorecer a construção de redes de sociabilidade, visando o bem comum; desenvolver o trabalho de monitoria como uma atividade de apoio discente ao processo de ensino-aprendizagem; estimular o desenvolvimento social e o espírito crítico, bem como, a atuação estudantil pautada na cidadania e no exercício dos princípios democráticos; fomentar a integração e articulação entre educação, cultura e instâncias de participação social, como conselhos, conferências e ouvidorias.
Nesse sentido, considera-se que além de melhorar o desempenho escolar, as atividades de monitoria se constituem como espaço privilegiado na construção de redes de sociabilidade entre os jovens. Ademais, as atividades propiciam autonomia nos estudos, na formação discursiva, bem como, é preponderante para conduzir os estudantes às novas etapas dos estudos.
CASTRO, M.G. e ABRAMOVAY, M. Revista Brasileira de Estudos de População, v.19, n.2, p. 1-28, jul./dez. 2002.
VALLE, Ionne Ribeiro; GASPAR DA SILVA, Vera Lúcia; DAROS, Maria das Dores (orgs). Educação escolar e justiça social – Florianópolis: NUP, 2010. p.19-48.
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