A Educação transforma a realidade ambiental e sociocultural 

Vagner Luciano de Andrade

Nirza Coelho de Andrade

Descrever não é apenas enumerar o máximo de números presumíveis de pormenores, mas apontar as linhas mais particulares, mais acentuadas; é ressalvar do contíguo de uma nota predominante e particular. Dependendo da finalidade do autor, muda o coeficiente de exatidão e o detalhe na definição. Desigualmente difere da narração, que faz uma narrativa avançar, a descrição faz observações na história, para expor melhor uma personalidade, um espaço, um artefato, enfim, o que o autor ponderar como elo imprescindível para dar mais coerência ao argumento escrito. 

Basicamente, as sequências descritivas literárias se diferem das sequências descritivas técnicas pelo contexto apresentado na narrativa registrada. Enquanto que a primeira se consolida na descrição literária, através de romances, poesias, contos, histórias, as técnicas apresentam aplicação imediata para o ser/estar humano. Teoricamente, as descrições literárias apresentam todo um imaginário social, apresentando as evidências das mentalidades existentes ou em processo de ruptura/permanência (passado ou futuro), enquanto que a descrição técnica verte para uma narrativa teórica comprometida com o tempo presente, com suas demandas, expectativas, necessidades e problemas, respondendo de forma operacional ao que lhe imediatamente se apresenta como emergencial. 

Linguagem exprime o ato humano de se expressar e manifestar o pensamento com intuito de diálogo e interação. Linguagem pressupõe mensagem e envio através da comunicação e expressão. A linguagem, de forma indireta, também ocorre entre animais, através de códigos e expressões em suas programações biológicas evolutivas. Mas os animais se comunicam de forma diferenciada e menos complexa que os humanos. Inicialmente se concebeu a ideia de que texto era uma argumentação elaborada de forma escrita, ou falada com ideal de se transmitir uma mensagem a alguém consolidando uma lógica temporal de transmissão, partindo do mensageiro rumo ao sujeito de sua ação (texto/leitor, emissor/receptor ou remetente/destinatário). 

Esta lógica teórica predominou vastamente pelo século XX, sendo na atualidade repensada e requalificada. Mas, durante o milênio passado, o entendimento de linguagem se limitou às nuances do texto escrito e sua contextualização, processos, intencionalidades, permanências, rupturas e mentalidades. Hoje, a comunidade acadêmica, bem como a sociedade de um modo geral, definem diferentes objetos textuais diferenciadamente contemporâneos. Mapas, gráficos, equações, logaritmos são hoje vistos como instrumentos de linguagem, e, portanto, elementos textuais diferenciados. A LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais, por sua vez, prova que para ocorrer a comunicação, e portanto, a linguagem, não se pode restringir apenas à escrita, mas sobretudo, na busca por recortes e alternativas.

A estrutura textual implica na existência de um conjunto de fatos, atores e conjunturas diferenciadas que promovem uma construção e um sentido para o que será pensado, escrito, socializado e transferido à sociedade (linguagem, contexto, público-alvo, função social e função comunicativa). As tipologias textuais, além de se formatarem como elos de intertextualidade/interpretação/apropriação se configuram em textos verbais (poesias, contos, artigos, reportagens, livros, revistas, etc.) e não verbais (símbolos, placas, cores, gráficos, sons). Outra estrutura textual que deve ser evidenciada é a divisão dos textos em literários (abstrato/subjetivo) e não-literários (concreto/objetivo). 

Outra classificação extremamente válida é a organização dos textos em narrativos, descritivos, dissertativos e argumentativos. Quem narra traz um cenário imbuído de personagens, tempos, espaços, numa sequência interpretativa com início, meio e fim. Quem descreve exprime um objeto, uma pessoa, uma paisagem, uma situação, um acontecimento, um produto. Quem disserta apresenta, aprofunda, expõe, explana um determinado tema, sem impressões pessoais sobre o mesmo (3ª pessoa/imparcialidade diante do alvo de estudo). Quem argumenta constrói estratégias comunicacionais de defesa, justificativa, com intuito de convencimento, perante um problema ou situação. O texto pressupõe, obrigatoriamente, um contexto entremeado de aspectos simbólicos, tanto sociais quanto culturais, e se materializa no tempo e no espaço com objetivos de leitura, processamento, decodificação, compreensão, interpretação, identificação, retenção, apropriação, aplicação e feedback.

Por último, vale destacar que o texto somente se materializa como texto se sua funcionalidade estiver assentada em coerência e coesão. Sem estes dois mecanismos, o texto se perde, se esvazia e se anula. Coesão e coerência dão sentido e significados às letras e palavras que mediam e intermediam o mundo da comunicação. Como diria Jorge Luís Borges, “sempre imaginei que o paraíso fosse uma espécie de biblioteca”. É bem isso, viver é ler o mundo, pois o mesmo é uma vasta biblioteca. É se apropriar do conhecimento historicamente acumulado pela humanidade. Ler o mundo e perceber a linguagem latente e em pulsação: jornais, placas, letreiros, sonorizações, livros, conversas, pressupondo uma interface entre diferentes gêneros e estilos comunicativos. 

A linguagem é uma forma de experimentar e experienciar o mundo que nos cerca. Desta forma, direta ou indiretamente, nos apropriamos da linguagem, consciente ou não, e nos posicionamos frente ao mundo que nos cerca. As letras e palavras são perspectivas que elucidam, que educam, que transformam o mundo. Ler o mundo é se apropriar do mesmo e construir suas próprias narrativas. Ler, textualizar é, por fim, um ato extremamente político. Letras e palavras fortalecem os elos sociais e criam protagonismo, emancipação, empoderamento, transformando pessoas comuns em portadores/contadores de histórias, sujeitos críticos que se apropriam da linguagem e reestruturam as bases societárias vigentes. Concluindo, os textos e a intertextualidade permeiam a formação alfabetizadora estrutural conectando interdisciplinarmente Artes, Cultura, Cidadania, Ecologia, Esportes, Ética, Geografia, História, Lazer, Literatura, Matemática, Português, Religiosidade e Saúde, dentro do processo de ensino e aprendizagem.

 


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