2021…

Editorial da edição 305 Jornal Pensar a Educação em Pauta 

“Tenho sangrado demais,
tenho chorado pra cachorro
Ano passado eu morri
mas esse ano eu não morro.”

(Belchior)

Em Editorial publicado semana passada, o Pensar a Educação em Pauta explicitou as suas percepções acerca do ano que finda. Ano difícil, de muito luto e de muita luta, ao qual jamais esqueceremos. Cabe, agora, expressar as expectativas que alimentamos para o próximo ano.

Nada nos leva a crer que, societariamente, estaremos melhores do que estivemos em 2020, ainda que este tenha sido um dos piores anos de nossa história. O investimento das forças reacionárias, conservadoras e, mesmo, liberais do país contra qualquer política de enfrentamento às nossas grandes mazelas estruturais ocorridas em 2020, em plena pandemia, nos mostram que não há nada de bom a esperar destes grupos para os anos vindouros.

O que, diante deste último ano, esperamos para 2021 é…

… um aumento de nossas já vergonhosas desigualdades, inclusive as escolares, seja pelo aprofundamento das “crises” que precediam a pandemia, e que foram aprofundadas pela mesma, seja pela ausência de políticas públicas de atendimentos às necessidades básicas de nossa população, sobretudo a população mais pobre e trabalhadora do país.

… a continuidade das políticas de morte, de destruição das instituições públicas e enfraquecimento à democracia, bem como a continuidade da adoção do obscurantismo, do autoritarismo e da violência como política de Estado.

… o alinhamento oficial da República brasileira, por meio da representação oficial da Presidência da República e de seu Ministério, às piores políticas internacionais no que diz respeito aos Direitos Humanos, à proteção ao meio ambiente e à adoção de medidas de combate à expansão das consequências da pandemia entre as populações mais pobres do planeta.

… uma reorganização das forças conservadoras e “liberais” do país para encontrar algum candidato “viável” à Presidência da República. Alguém que não tenha o perfil tosco e continuamente beligerante do Bolsonaro, mas que garanta a continuidade da “pauta Guedes” de destruição do Estado e de garantia de acesso irrestrito dos capitais nacional e estrangeiros às nossas riquezas e, direta e indiretamente, aos recursos públicos.

… o recrudescimento das políticas de Estado de destruição das instituições públicas de reconhecimento e fortalecimento das diversidades que nos constituem, assim como o aumento das perseguições e morte à população negra, quilombola, indígena, LGBTQI+ e periférica, naturalizando os processos que transformam permanentemente nossas diversidades em desigualdades.

É por isso tudo que, também em 2021, ao lado das forças democráticas do país, desejamos…

…continuar nossa lutapor um país mais justo, mais igualitário e sem as violências que abatem os corpos, as culturas e as organizações da população pobre e trabalhadora do país.

… ajudar a transformar, cada vez mais, as nossas diversidades em potências igualitárias, construindo redes e pontes que conectem aqueles e aquelas que, individual e coletivamente, não se cansam de lutar contra a morte e a bradar que nossas desigualdades têm fundamentos outros que não as nossas diversidades.

… articular a luta contra o obscurantismo por meio da divulgação de conhecimentos, experiências e saberes que façam justiça aos nossos diversificados modos de conhecer e de promover as vidas, todas as vidas, que habitam o planeta.

Em 2021 esperamos muito mais, pois somos muitas e muitas que desejam um outro país para viver e outras heranças, mais solidárias e generosas, a compartilhar com o mundo. Não somos um país fascista e nem merecemos os bolsonaros de plantão e suas políticas de morte. Somos mais e melhor do que isto! Que 2021 seja um daqueles anos para guardarmos na memória, não pela dor e pelo medo, mas pelas alegrias dos nossos corpos e pelas vitórias democráticas e igualitárias de nossas lutas!


Imagem de destaque: BiZkettE1

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