Live reúne pesquisadores que destacam os efeitos da crise financeira da Fapemig

Inteligência Coletiva – FIOCRUZ

No dia 31 de maio, realizamos, ao lado do coletivo CTSMovMG, uma live para refletir sobre a crise financeira da Fapemig, dentro da programação da VI Marcha pela Ciência de Minas Gerais de Minas Gerais. Sem receber o valor previsto pela Constituição Estadual (1% do orçamento anual) desde 2015, a instituição tem dificuldades para cumprir a missão de “promover o conhecimento científico, tecnológico e inovador visando ao desenvolvimento econômico e social sustentável de Minas Gerais por meio do incentivo e fomento à pesquisa”. No encontro participaram da discussão Aurélio Ferreira, professor do IFMG – Campus Ouro Branco; Marcelo Andrade, Reitor da UFSJ e presidente do Foripes; Andrea Macedo, professora da UFMG e Conselheira da SBPC; Camila Olídia, presidente da APG-UFV; Marisa Barbato, professora da UFMG e presidenta do APUBH e Zélia Profeta, coordenadora do ICMG e pesquisadora do Instituto René Rachou (Fiocruz Minas).

O professor Marcelo Andrade iniciou a discussão destacando os recorrentes cortes no financiamento da Ciência e Tecnologia, não só no estado de Minas Gerais mas também em âmbito federal. O reitor, que também preside o Fórum das Instituições Públicas de Ensino Superior do Estado de Minas Gerais, lembrou que os gastos das instituições aumentaram no período da pandemia de Covid-19, e que cortes, especialmente cortes repentinos, afetam a administração e o planejamento das instituições. Nesse sentido, Zélia Profeta lembrou que é necessário que sejam estabelecidas bases sólidas para o sistema de Ciência e Tecnologia. Instituições como a Fapemig precisam de investimento constante para garantir um processo de produção de conhecimento.

Aurélio Ferreira destacou que Minas Gerais tem uma política de estado para o desenvolvimento científico. A Fapemig é uma instituição bem estabelecida e por isso garantir o repasse de verbas é fundamental. Aurélio lembrou da suspensão das bolsas de Iniciação Científica em 2019, devido ao corte de recursos, e de como isso significa um impacto a longo prazo. A Iniciação Científica é o início da longa formação dos cientistas. Para ele, considerando a já existência de uma política de estado para C&T, o não repasse de verbas significa a falta de interesse do governo em desenvolver social e economicamente o estado a partir da Ciência.

Na sequência, a presidente da Associação de Pós-Graduandos da UFV, Camila Olídia, destacou o papel da comunicação pública da ciência para dialogar com a população a respeito do impacto da ciência e buscar formas de mobilizar em torno da defesa dos pesquisadores, da ciência e das instituições. Camila ainda ponderou sobre a importância da participação de estudantes nas discussões a respeito da gestão e da distribuição de verbas, afinal eles são diretamente impactados considerando que muitos dependem das bolsas. A professora Marisa Barbato também trouxe à tona a questão dos bolsistas, lembrando que a bolsa não é uma ajuda de custos e sim um pagamento apropriado para uma ciência de qualidade. Para ela, o descumprimento da constituição estadual por parte do governo de Romeu Zema é uma demonstração da aproximação do governador do partido Novo ao pensamento da administração de Jair Bolsonaro e sua decisão deliberada em não investir em C&T. Andrea Macedo comentou sobre a centralidade da Fapemig no desenvolvimento científico de Minas Gerais. As mais de 200 instituições, espalhadas por todo o território, dependem dos investimentos feitos com critérios bem determinados pela fundação, seu comitê científico e câmaras de avaliação.

 

Marcha pela ciência
A Marcha pela Ciência (ou March for Science) é um movimento internacional que luta pela valorização da ciência pelas entidades políticas. A primeira edição ocorreu em 2017 em mais de 600 cidades pelo mundo. O movimento iniciado nos Estados Unidos da América, no primeiro ano do governo de Donald Trump, tem no seu cerne a luta contra cortes de verbas e principalmente ataques à atividade de pesquisa. Em Minas Gerais anualmente são organizadas diferentes atividades para refletir e mobilizar diferentes pessoas em torno dessa constante defesa da ciência. Em 2022 também foi realizada a MESA REDONDA – O papel do trabalho na produção  da ciência e da tecnologia: conhecimento em defesa da democracia.

Acesse a live aqui.


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