O silêncio do domingo pela manhã só foi interrompido, diversas vezes, por sirenes de ambulâncias que se dirigiam para esse ou aquele hospital. O som alto e nervoso da sirene, seja próximo ou distante, não deixa dúvida: mais uma pessoa em perigo; mais uma família angustiada que não poderá ter contato com esse ou essa querida.
A cidade parada, diferentemente de outros domingos e tempos, é a constatação de que algo muito grave está acontecendo. Pelo conhecimento e por tudo que os cientistas alertaram, não era para estarmos com mais de 4.000 brasileiros(as) mortos por dia.
Os adultos explicam para as crianças por que não iremos à escola, mas a educação continua; por que não podemos fazer a festa de aniversário como nos anos anteriores, mas podemos comemorar de outra forma. Aquele que pratica uma religião dirá ao seu filho que não será possível ir ao local onde congregam, mas a fé continua. Só fica difícil dizer ao filho que não há comida, pois, nesse caso, a fome irá continuar.
Vivemos em um país com ampla garantia constitucional de liberdade de consciência e crença. E nos é assegurado o livre exercício dos cultos religiosos. A decisão do S.T.F. restringindo temporariamente a realização de cultos e cerimônias religiosas em templos e locais de culto, por ser uma medida pontual, emergencial e temporária, num contexto de pandemia, não viola o princípio da liberdade de crença e de realização de cultos religiosos.
Aprendemos, desde criança, lendo a Bíblia, que o verdadeiro louvor é o que sai da boca dos pequeninos; que devemos adorar não “em Jerusalém ou em Samaria”, mas que Deus é Espírito, e importa que o adoremos em espírito e em verdade; e o que se pede é misericórdia e não sacrifícios; que quando formos orar, que podemos ir para o nosso quarto, fechar a porta e orar ao Pai, que irá nos ouvir. Que bastam um ou mais, que se orarmos em seu nome, Ele lá estará.
Esses ensinamentos, todos bíblicos, mais o contexto grave que estamos vivendo com o sistema hospitalar sem leitos de UTI, com o a alerta sobre a falta de produtos necessários para a intubação (tais como anestésicos injetáveis, relaxantes musculares e sedativos) em hospitais e em estoques do Ministério da Saúde e de secretarias de Saúde, são mais que suficientes para entendermos a situação. Não há nada mais cristão do que colaborar e sermos solidários para que possamos sair dessa crise o quanto antes, e isso não irá acontecer com disputas para assegurar interesses próprios. Que, como adultos e como cristãos, possamos pensar e agir como gente grande.
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