Autoritarismo institucionalizado e resistência coletiva

Como era de se esperar após o golpe do ano passado, 2017 foi um ano muito duro e dolorido para todos(as) aqueles e aquelas que defendem a democracia e o Estado de Direito, lutam por políticas públicas mais inclusivas e dirigidas à promoção das igualdades e que valorizam e promovam as nossas diversidades.

Em 2017 foi um ano que, de forma similar aos tempos da ditadura, vimos atualizada e mobilizada boa parte das características mais nefastas que marcaram os nossos últimos 500 anos de história. Das maneiras mais diversas, nossas instituições privadas e estatais valorizaram muito pouco a dimensão pública. Pelo contrário, mostraram como todo o autoritarismo, o racismo e o sexismo institucionalizados podem ser mobilizados para a obstrução e destruição de políticas de promoção das igualdades e das diversidades entre nós.

Todavia, o ano não termina de todo lamentável. Há que se saudar e reconhecer a disponibilidade e disposição dos mais diversos sujeitos, individuais e coletivos, que ocuparam o espaço público para denunciar o arbítrio e defender melhores dias para o Brasil. Tal mobilização, ao mesmo tempo em que coloca anteparos, poucos por certo, à plena destruição das políticas voltadas para a população mais pobre e para a garantia dos direitos, nos educa e conforta para a continuidade da longa luta que travaremos nos próximos anos.

O recente episódio da injustificada e autoritária condução coercitiva de dirigentes, professores e funcionários da UFMG para depor, autorizada pela cega justiça e realizada de forma espetaculosa pela Polícia Federal, é um bom exemplo da dinâmica acima descrita.

Na ação contra a UFMG pudemos ver, por um lado, como o autoritarismo institucionalizado autoriza atentados contra as garantias constitucionais. Nela, tudo de errado, injusto e ilegal pareceu certo, justo e legal aos olhos da justiça e da PF, numa inversão absoluta dos princípios que deviam presidir a ação pública estatal. De outro lado, a rápida e expressiva solidariedade nacional e internacional à UFMG, a seus dirigentes, professores e funcionários, mostra que há uma rede imensa de instituições, grupos e movimentos dos mais variados pertencimentos e finalidades, pronta para defender a democracia, o Estado de Direito e as instituições públicas.

É nessa direção que há de caminhar a nossa ação e o embate contra os grupos que, na sociedade civil e nas instituições estatais, teimam em nos fazer retroagir para a idade das trevas no que se refere aos direitos civis, políticos e sociais. São atos como estes, de solidariedade e de resistência coletiva que nos autorizam a pensar que “havemos de amanhecer” e que “amanhã será outro dia”. Que venha 2018! E que ele nos encontre com renovadas disponibilidade, disposição e vitalidade para a luta!

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Autoritarismo institucionalizado e resistência coletiva

Como era de se esperar após o golpe do ano passado, 2017 foi um ano muito duro e dolorido para todos(as) aqueles e aquelas que defendem a democracia e o Estado de Direito, lutam por políticas públicas mais inclusivas e dirigidas à promoção das igualdades e que valorizam e promovam as nossas diversidades.

Em 2017 foi um ano que, de forma similar aos tempos da ditadura, vimos atualizada e mobilizada boa parte das características mais nefastas que marcaram os nossos últimos 500 anos de história. Das maneiras mais diversas, nossas instituições privadas e estatais valorizaram muito pouco a dimensão pública. Pelo contrário, mostraram como todo o autoritarismo, o racismo e o sexismo institucionalizados podem ser mobilizados para a obstrução e destruição de políticas de promoção das igualdades e das diversidades entre nós.

Todavia, o ano não termina de todo lamentável. Há que se saudar e reconhecer a disponibilidade e disposição dos mais diversos sujeitos, individuais e coletivos, que ocuparam o espaço público para denunciar o arbítrio e defender melhores dias para o Brasil. Tal mobilização, ao mesmo tempo em que coloca anteparos, poucos por certo, à plena destruição das políticas voltadas para a população mais pobre e para a garantia dos direitos, nos educa e conforta para a continuidade da longa luta que travaremos nos próximos anos.

O recente episódio da injustificada e autoritária condução coercitiva de dirigentes, professores e funcionários da UFMG para depor, autorizada pela cega justiça e realizada de forma espetaculosa pela Polícia Federal, é um bom exemplo da dinâmica acima descrita.

Na ação contra a UFMG pudemos ver, por um lado, como o autoritarismo institucionalizado autoriza atentados contra as garantias constitucionais. Nela, tudo de errado, injusto e ilegal pareceu certo, justo e legal aos olhos da justiça e da PF, numa inversão absoluta dos princípios que deviam presidir a ação pública estatal. De outro lado, a rápida e expressiva solidariedade nacional e internacional à UFMG, a seus dirigentes, professores e funcionários, mostra que há uma rede imensa de instituições, grupos e movimentos dos mais variados pertencimentos e finalidades, pronta para defender a democracia, o Estado de Direito e as instituições públicas.

É nessa direção que há de caminhar a nossa ação e o embate contra os grupos que, na sociedade civil e nas instituições estatais, teimam em nos fazer retroagir para a idade das trevas no que se refere aos direitos civis, políticos e sociais. São atos como estes, de solidariedade e de resistência coletiva que nos autorizam a pensar que “havemos de amanhecer” e que “amanhã será outro dia”. Que venha 2018! E que ele nos encontre com renovadas disponibilidade, disposição e vitalidade para a luta!

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