“Você pode matar um revolucionário, mas não pode matar uma revolução”: um convite à leitura de Judas e o Messias Negro

Alexandra Lima da Silva

Importantes pensadores e ativistas negros ganharam visibilidade nas telas no ano de 2020. Fred Hampton foi retratado no filme Os 7 de Chicago e foi um dos protagonistas do importante e necessário Judas e o Messias Negro. Logo nas primeiras cenas, o filme traz um importante discurso de Fred Hampton, onde ele diz:

“Não importa o que digam, não pensamos em combater fogo com fogo, pensamos em combater fogo com água. Vamos combater racismo não com racismo, mas vamos combatê-lo com solidariedade. Não vamos combater o capitalismo com capitalismo negro, mas vamos combatê-lo com socialismo”. 

Este discurso foi assistido inúmeras vezes pelo FBI, que considerava Fred Hampton e o partido dos Panteras Negras as maiores ameaças a supremacia dos Estados Unidos. Os Panteras Negras, “inimigos internos”, eram considerados extremamente perigosos, e precisavam ser sufocados, a todo o custo. 

No filme Judas e o Messias Negro, temos dois protagonistas. Fred Hampton, “o messias negro”, interpretado por Daniel Kaluuya, e Bill O’Neal, o “Judas”, interpretado por Lakeith Stanfield. Sem maniqueísmos, o filme não somente problematiza dos conflitos dos sujeitos, como sugere a dimensão pedagógica da luta revolucionária anticapitalista. Infiltrado no partido e usado para sufocar o partido, “traidor” vai se conscientizando que a vida de pessoas negras não vele muito na lógica do capital. Logo, a vida dele também não tem valor, tem sim, um preço.

Nascido em Chicago, no ano de 1948, Fred Hampton era visto como uma ameaça porque alimentava os pobres, promovia a educação e criou a coalizão Arco-Íris (aglutinando negros, pobres, latinos) numa frente de resistência contra a opressão. Ele foi covardemente assassinado no ano de 1969. Deixou a esposa grávida do único filho, Fred Hampton Jr. 

Vale muito a pena assistir ao filme e conhecer um pouco mais do pensamento deste revolucionário, que segue atual e urgente, pois “Nada é mais importante do que parar o fascismo, porque o fascismo vai parar todos nós”.


Imagem de destaque: Jacob Anikulapo

 

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