Vamos pensar o passado para compreender o presente e idealizar o futuro da nossa Educação 

Marcus Periks Barbosa Krause

O grande pensador grego Heródoto, considerado o pai da história, recomendava-nos a: “pensar o passado para compreender o presente e idealizar o futuro”, desta forma, baseado em suas palavras, me reporto ao momento no qual nossa sociedade vive, em especial no contexto educacional. Quando olhamos para nossas escolas hoje e as comparamos com as escolas do passado e suas metodologias e princípios antes adotados, somos tomados por sentimentos saudosistas que nos levam, muitas vezes, até a questionar certas “evoluções” que adentraram pelos corredores de nossas escolas. 

Não quero, com este artigo, me contrapor à nenhuma teoria, estudos ou achados da ciência, que deram e continuam a dar suas grandes contribuições para a melhoria da qualidade da nossa educação, o que quero suscitar, nas entrelinhas deste artigo, é justamente motivado pela citação do pai da história, Heródoto, que nos instrui a projetar o futuro, por meio da compreensão do presente, sem esquecer do passado, com isso podemos esquadrinhar as razões pelas quais vivemos momentos difíceis na educação brasileira. 

Ao acompanhar as redes sociais podemos observar a multiplicação de divulgações de casos de violência, ameaças e invasões de escolas, o pavor tem tomado de conta de muitos alunos e profissionais da educação, alunos com medo de ir para as escolas após tomar conhecimento dos massacres e casos de violência que ocorreram no Brasil e professores sobressaltados diante de tanta violência sem controle. 

A disciplina no ambiente escolar no passado era algo rígido, poucos eram os casos de desrespeito aos professores. Para entendermos um pouco do porquê disso, vamos, primeiramente, fazer algumas comparações do ambiente escolar ao ambiente familiar atual e os de antigamente e assim também poderemos ter uma noção do quanto perdemos, no que tange ao respeito que deve ser dado por parte dos alunos aos seus professores e dos filhos aos seus pais. Ora, se em casa os filhos não honram seus pais e os tratam de forma rude, fatalmente farão o mesmo em sala de aula com seus professores, não aceitando repreensões e medidas pedagógicas corretivas. 

A inércia familiar na educação dos filhos faz com que isso ressoe em consequências também na escola, obrigando muitos profissionais da educação a assumirem papéis que não deveriam ser seus, isso prejudica o processo de ensino aprendizagem. Muitas famílias estão transferindo suas obrigações às escolas. Quando a família não educa os filhos, ensinando os valores necessários, infelizmente, resta ao professor, contribuir nesse processo, mesmo não sendo esse seu papel primordial, pois a docência é uma missão.  

Em razão de tudo isso, atualmente, os professores precisam ser dotados de conhecimentos muito além daqueles inerentes à sua matéria na escola, de modo a conseguir obter maior êxito no desempenho de suas funções. Com isso, faz-se necessário formações aos profissionais da educação para dotá-los de habilidades e competências diversas, independentemente de sua área de atuação ou disciplina que ministra, o que antes era muito raro.  

Outro ponto que carece reflexão no processo educacional em nossos dias é a forma como o sistema vê os alunos. Por vezes temos a impressão de que a preocupação dos sistemas de ensino é apenas com dados e estatísticas. Lembro-me que antigamente, o aluno que não conseguia obter as notas médias para passar de ano tinha que, obrigatoriamente, repetir o ano letivo. Hoje, parece ser mais importante passar de ano o maior número possível de alunos, mesmo sem o aprendizado satisfatório, para garantir posições dianteiras nas avaliações anuais do governo federal. Tudo isso, no decorrer do tempo, vai trazendo resultados negativos, pois os mesmos dados mostram cada vez mais um número de alunos que chegam ao ensino médio sem aquisição do conhecimento devido. Dados do SAEB, 2019, antes da pandemia, apontam que 95% dos alunos terminam a escola pública no país sem o conhecimento esperado em matemática e 69% não chegam ao nível adequado em Língua Portuguesa. Isso é preocupante, pois refletirá na qualidade dos profissionais que teremos no futuro. 

Destarte, as palavras de Heródoto nos servem como nunca, pois precisamos pensar o passado para compreender o presente e idealizar o futuro.

Sobre o autor
Graduado em Letras e Pedagogia, Especialista em Língua Portuguesa com ênfase em gramática, especialista em Educação Especial Inclusiva, Especialista em Gestão e Governança em Ministério Público, Mestre em Ciências da Educação. Escritor, vice-presidente da Academia Pedreirense de Letras e membro das academias de letras AILB, AIAP, ACILBRAS; Membro da OMEPE e do Conselho Municipal de Alimentação Escolar de Pedreiras. Professor e servidor do Ministério Público.  


Imagem de destaque: Galeria de Imagens.

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