Vamos ler?

Alexandre Azevedo

Ler é um exercício. Esta é uma frase já muito dita quando o assunto é o incentivo à leitura. E ela está corretíssima! Quando alguém está predisposto a fazer exercícios físicos, como, por exemplo, uma simples caminhada diária, este alguém pensa: “primeiro andarei quinze minutos; no outro dia, andarei 20; e no outro, 30; e no outro, 40; e no outro dia, 50; e no outro dia, 60 minutos. A partir daí, andarei, todos os dias (ou pelo menos três vezes por semana), 1 hora!” Este é um projeto que, posto em prática, tem tudo para funcionar. Com a leitura não é muito diferente: se esse mesmo alguém se propuser a ser um leitor, mas um leitor de verdade, e pensar: “hoje lerei 15 minutos; amanhã, 30; depois de amanhã, 60 minutos… Pronto, agora, todos os dias vou ler por 1 hora!” Entretanto, outro alguém poderá dizer: “eu só não leio com frequência porque não tenho tempo!” Esse pode ser um grande equívoco se pensarmos que o tempo somos nós que o fazemos. E poderemos nos surpreender com o nosso potencial para inventar o tão “famigerado” tempo.

Você sabia que Literatura não é apenas a arte de escrever, mas também a arte de ler? Sem o leitor não há a necessidade do escritor; e se não houver o escritor, não haverá o leitor, isso é uma coisa óbvia! Um depende do outro, portanto, um casamento que deve durar para sempre: escritor-leitor; leitor-escritor.

Professor, seja um leitor assíduo! É muito importante que o seu exemplo seja real para o aluno que o observa. O entusiasmo da criança pela leitura depende também de você, professor! Atente-se para a importância de se trabalhar livros constantemente em sala de aula: eles tem que ser cuidadosamente analisados e preparados por você, explorando todo o potencial educativo e literário das obras e assim levar um aprendizado de irremediável valor a cada um de seus alunos.

E por falar em professor, a escolha da carreira de professor implica em muitos desafios, desprendimentos e superações. Entretanto, nada é mais gratificante para o educador do que assistir os alunos e aos alunos em suas conquistas em ambiente escolar e para além dele. E, sem dúvida, ensiná-los o amor à literatura, despertar-lhes no quão importante é a promoção do livro a melhor amigo, são tarefas das mais difíceis, mas também, das mais prazerosas. A personificação do livro é o primeiro passo para se treinar para o encontro com amigos reais, com a noção de coletividade, de fraternidade, ainda que nesta sociedade tão marcada pelo individualismo e, por isso mesmo, tão sedenta por amizades verdadeiras e para toda vida.

Muito se tem falado da necessidade crescente dos professores em aliarem ao incentivo à leitura uma proposta prazerosa, algo que atraia o aluno para uma dimensão que o faça ficar encantado e cada vez mais absorvido pelo conteúdo do qual o livro trata. A participação do professor como orientador nesse processo de descoberta da literatura é fundamental. E o aluno, por sua vez, cada dia mais exigente, faz o papel de questionador, quer abordar múltiplas questões, quer perguntar, quer se esclarecer e isso pode ser alcançado na intensidade das vivências em sala de aula, onde o educando se depara com seus iguais, com semelhantes dúvidas e inquietações.

Ler é viajar sem sair do lugar! Quantas vezes já ouvimos essa frase quando o assunto é leitura?! Mas, cá entre nós, é a mais pura verdade, não é mesmo?! 

Eu costumo dizer aos meus leitores, em escolas, feiras e eventos literários, que mais importante que escrever é ler! Antes de me tornar um escritor, já era um leitor voraz, tudo o que caía em minhas mãos, lia. E com esse exercício, consegui conhecer os grandes nomes da literatura universal e, em especial, os da minha grande paixão, que são os da literatura brasileira, que muito me ajudam no meu ofício de escrever. Dentre eles, posso citar Fernando Sabino, Monteiro Lobato, Graciliano Ramos, Manuel Bandeira, Luís Fernando Veríssimo, Manoel de Barros, Lourenço Diaféria, Affonso Romano de Sant’Anna, Ziraldo, Drummond, Aluísio Azevedo, Lima Barreto, Guimarães Rosa e, principalmente, a grande estrela de nossa literatura, Machado de Assis!

Agora que já alongamos, vamos aos exercícios!


Imagem de destaque: L’Arlésienne: Madame Joseph-Michel Ginoux (Marie Julien, 1848–1911) – Vincent van Gogh / Metropolitan Museum of Art.

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