Editorial da edição 312 do Jornal Pensar a Educação em Pauta
O Brasil tem sido um dos países do mundo em que a pandemia tem tido um maior impacto em todos as dimensões da vida. Tem sido, inclusive, um dos lugares do mundo em que o número de mortes, relativamente ao tamanho da população, tem sido o mais expressivo. Aqui, o risco de se morrer, é 3 a 4 vezes maior do que a média mundial. Se for preto e pobre, esses riscos são multiplicados ainda mais!
Como não poderia deixar de ser, aqui também é o lugar do mundo em que as crianças e jovens, assim como as(os) profissionais de educação ficaram privadas(os) de frequentar a escola por mais tempo. De um modo geral, salvo algumas exceções, as escolas estão fechadas há praticamente um ano.
Não é segredo para ninguém que tal impacto é devido, em grande parte, à forma como o Governo Federal e seus aliados nos estados e municípios, assim como seus apoiadores na iniciativa privada, nos grupos políticos e religiosos, têm lidado com a pandemia. Como prometia Bolsonaro e seu apoiadores ainda durante a campanha, em 2018, ELES VIERAM PARA DESTRUIR: o Estado, as Políticas Públicas, os Adversários e, como sabemos, a vida de pretos, pobres, índios, gays e todos que, segundo eles, são os párias da Nação!
Diante do descalabro em que vivemos, as escolas estarem fechadas não representam, infelizmente, o maior de nossos problemas. Pelo contrário, os estudos indicam que, de um modo geral, neste momento, manter as escolas fechadas representa parte da solução.
Apesar de as escolas estarem fechadas, e isso impactar fortemente a vida das crianças, dos jovens e de suas famílias, parte desse impacto poderia ser minorada caso tivéssemos políticas sérias de educação, de saúde, de assistência e em outras áreas para enfrentar a crise. Mas, também, infelizmente, não foi nessa direção que atuou a Presidência da República, o MEC, o Ministério da Saúde e o um conjunto expressivo de governadores e prefeitos de todo o Brasil. O MEC, por exemplo, aproveitou a crise para economizar dinheiro que deveria ser gasto com as escolas!
Do mesmo modo, não se pode esquecer que durante a pandemia, apesar de as escolas permanecerem fechadas, professoras, professores e demais profissionais da educação não ficaram à toa. Pelo contrário, também tiveram suas vidas familiares impactadas e viram seu trabalho aumentar exponencialmente. Nunca em nossa história, para estas e estes profissionais, ficar em casa, trabalhar em casa, foi tão cansativo e adoecedor!
Um ano sem escola, um ano sem contatos presenciais, um ano sem convívio com as(os) colegas! Para muito e muitas, um ano sem a proteção e os cuidados indispensáveis da escola e das(os) profissionais da educação! Para muitos e muitas que sonharam chegar, e chegaram, à universidade, por exemplo, um ano sem conhecer o campus e a experiência universitária.
Num ano de QUASE 300 MIL MORTES, manter as escolas fechadas continua sendo, infelizmente, parte da solução e não de nossos maiores problemas. Há que se prender muita gente ainda para que possamos levar nossas crianças e jovens à escola e, com elas e eles, nossas esperanças de um futuro sem governantes, empresários, políticos e religiosos genocidas! E, hoje, mais do que nunca, é preciso caminharmos nessa direção!