Resistir e inundar

Yolanda Assunção

Começou no dia 24 de abril a 5ª edição do Encontro de Divulgação de Ciência e Cultura da Unicamp. No evento, o cenário atual da ciência no Brasil foi o assunto da conferência de abertura. A atividade, que contou com a presença do pró-reitor de planejamento da Unifesp, Pedro Fiori Arantes, e da professora da Unicamp e membro da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares, Laís Silveira Fraga, destacou o lugar da universidade pública no Brasil.

Com uma revisão histórica, o professor Pedro Arantes lembrou que, desde seu nascimento, as universidades públicas eram espaço das elites. Segundo o professor, as instituições foram de grande importância para a estruturação das classes média e alta instruídas e com carreiras profissionais qualificadas. Contudo, nos anos 60, propostas de universidades públicas mais cidadãs tomaram o lugar dos modelos trazidos da Europa. Esse modelo proposto por pensadores como Darci Ribeiro previa uma universidade que se preocupa em atender as demandas da sociedade, não só como um caminho para o desenvolvimento científico e tecnológico, mas principalmente para o desenvolvimento social.

O processo de reforma universitária foi interrompido pela Ditadura Militar, mas mesmo com a redemocratização não foi retomado. Até os anos 2000, a universidade privada recebeu mais atenção, enquanto a universidade pública foi cada vez mais sucateada. A partir do governo petista houve mais atenção às instituições publicas de ensino superior, contudo, o investimento em instituições privadas, através de financiamento estudantil, continuou crescendo.

Mesmo assim, com a lei de cotas e outras políticas publicas de ações afirmativas, mais pessoas das classes populares chegam à universidade pública, no que pode ser considerado uma retomada da proposta de universidade cidadã. Num sentido inverso, hoje as elites, que outrora fizeram da universidade pública seu espaço, se afastam dos institutos estaduais e principalmente federais de ensino superior.

A professora Laís Silveira trouxe as necessidades atuais na universidade pública. A primeira delas é resistir aos ataques institucionais e públicos que vêm sofrendo. A outra é retomar de fato a proposta de universidade pública, democrática e à serviço da comunidade. Com seu trabalho na Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares ela destacou a necessidade de diálogo entre as universidades e a comunidade. Ela falou, ainda, sobre a importância de ‘transbordar’ a produção tecnológica e científica da Universidade.

Ao final da apresentação, os professores destacaram como, além de transbordar, as universidades precisam se ‘inundar’ e receber em seu interior as mais diversas formas de produção de conhecimento. Só assim a universidade vai, de fato, ser pública e cidadã.

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