Ao leitor mais desavisado, o título deste editorial pode parecer estranho. Mais adequado ele estaria no jornal de economia ou, até melhor, num site de “aconselhamento” de investimentos, como tantos que há por aí. Melhor seria, talvez, se nos ocupássemos aqui na nova e, em parte, esdrúxula, composição do Fórum Nacional de Educação. Será que seria?
Quem nos acompanha sabe que um dos princípios de nosso projeto é o de não separar a educação dos grandes problemas nacionais. Antes, pelo contrário, tentamos ver a dimensão educativa de todas essas grandes questões e, sempre que possível, apontar suas relações com o mundo da escola. É essa, portanto, a nossa pretensão hoje.
Sobre o novo(?) plano de privatização do governo golpista, o balizado Luis Nassif disse: é uma aberração! Quando um governo ilegítimo e antidemocrático como esse que temos hoje no Brasil afirma que pretende privatizar, a preço de banana, setores estratégicos da economia e da soberania nacionais, o que se pode esperar que ele faça com aquelas áreas que nem de longe se afiguram como importantes para o diminuto Estado projetado pela quadrilha que tomou de assalto a República? Se privatizam a Eletrobrás e a Casa da Moeda, se leiloam nossas reservas estratégicas para pagar o pato do golpe, o que não farão com o SUS e com a escola pública?
Na verdade, é falso dizer que farão, como se fosse coisa do futuro: o projeto de tornar a saúde, a educação e vários outros direitos um serviço privado, já está em curso desde que a quadrilha assumiu o poder. A destruição das políticas e das estruturas de Estado são apenas o primeiro passo para isso.
Mas há outra dimensão educativa a se observar em tudo isso: a demonização do Estado. Como muito já se disse, aqui inclusive, a construção das representações da falsa superidade da administração privada sobre a administração pública é longeva e não deixa de ser atualizada entre nós. Mesmo quando essa representação é confrontada com dados e evidências que põem por terra tal superidade, os arautos do estado mínimo não se dão por vencidos e voltam à sua ladainha que busca encobrir os interesses pelo lucro vasto e fácil que vislumbram por detrás da privatização.
É evidente que a privatização que se anuncia é uma forma de pagar aos financiadores do golpe. A afirmação de que ela é necessária para cobrir a necessidade de o governo “fazer caixa” e combater o desemprego é tão destituída de verdade quanto os reiterados brados de apego, de Temer e equipe, na justiça, na democracia e no Estado de Direito.
Ademais, como o conjunto das ações do governo Temer, sua proposta de privatização fragiliza o país, não apresenta nenhuma legitimidade e tende a, imediatamente, produzir mais desigualdade e pobreza. E, como nós sabemos há séculos, a desigualdade e a pobreza são as inimigas número um da educação e da escola pública de qualidade. O problema nosso é que, por piores que sejam, e são muito ruins mesmo, as reformas educacionais de Temer e cia não são as piores coisas que se fez e faz contra a educação nesse governo. É por tudo isso, e muito mais, que 2018 está muito longe e que a luta precisa ser fortalecida agora!