Título de Eleitor: a promessa

Dalvit Greiner de Paula

A política sempre se valeu da promessa justamente porque prepara o futuro. Toda vez que alguém te promete algo é justamente porque busca sua obediência no presente com uma promessa de que você terá algum benefício no futuro. É assim que você assina uma Promessa de Compra e Venda, por exemplo. Terminado, obedientemente, o processo de pagamento, o benefício futuro é representado por uma Escritura Pública. Por isso, afirmamos que o dono é quem tem uma escritura, apesar disso soar falso no Brasil de hoje com tantas grilagens e roubos, uma vez que isso nunca deveria valer para a terra, as águas e tudo o que a natureza nos oferece gratuitamente.

Mas, o nosso assunto é a política. No mundo, a promessa é algo muito ligado à religião, apesar de ser usada por todos em todas as situações possíveis. Dizemos que é ligado à religião na medida em que a maioria delas acena com a promessa futura de um paraíso que se perdeu no passado. Um passado idílico, de delícias e belezas e que deve ser retornado ao homem (é sempre assim, a maioria das religiões são machistas) que viveu e obedeceu ao seu deus. Porém, ninguém tem certeza da existência desse passado nem do futuro no qual se baseiam a maioria das religiões.

O problema não está apenas na promessa. Quem promete é alguém que tem que, necessariamente, ter um passado que sustente sua fala para fazer-nos crer que aquele objeto se realizará. Como uma promessa de pagamento. Até a pouco tempo existia a figura do cheque (hoje é uma raridade, já estamos no pix) que era uma promessa. Mas, uma promessa que somente era aceita após uma consulta ao seu saldo bancário. E tínhamos aqueles comerciantes – gente que não vive de promessas – que estampavam acima da caixa registradora: não aceitamos cheques! Ou seja, nada de promessas aqui. Ainda hoje, usamos na política a expressão “passar um cheque em branco”. O que significa isso: significa dar um grande poder a alguém na esperança de que algo seja realizado. É um exercício de total confiança, pois a esperança é diretamente proporcional à promessa.

Um político que vive de promessas não é necessariamente um mau político. Como afirmei acima, a promessa faz parte da política. A boa pessoa que promete algo tem um passado que sustenta a sua fala. Aqui fica, então, uma primeira lição para a política: seu candidato tem crédito? Tem credibilidade? Ou seja, o seu passado é prova inequívoca de que é capaz de cumprir o que prometeu? Se não, esqueça. Não é uma boa pessoa, muito menos um bom político.

O problema maior é o mau uso da promessa. E o mau uso da promessa, para além da tentativa de enganar as pessoas, é quando juntamos duas instituições que vivem de promessas de um futuro melhor e provocamos uma confusão na cabeça do eleitor e cidadão. Essa fusão entre a Igreja e o Partido Politico é a pior coisa que pode acontecer numa sociedade. Porque a primeira promete um futuro no paraíso, um lugar em que, via de regra, não existem conflitos, por vários motivos, mas o principal deles é a forte hierarquia (machista, novamente) que existe no céu cristão; o segundo promete um futuro na terra, um lugar de conflitos e guerras de sobrevivência onde o mais forte, o mais esperto e o que é pior, o mais rico se sobrepõe aos demais, aos outros. Ou seja, é muito simplismo para a política.

Em Belo Horizonte, 11 candidatos se declaram – na profissão e no nome – pastores e pastoras, junte-se a este mais dois padres – se apresentam padres – uma denominação que se dá a um líder e vêm de partidos de centro-direita; 208 candidatos pertencem a partidos que trazem alusão à religião no próprio nome. Partidos que surgiram ligados a alguma igreja ou conjunto de igrejas como Assembleia de Deus e Igreja Universal do Reino de Deus, as duas maiores igreja-partido. Hoje formam bancadas poderosas em todos os níveis de governo do Estado com pautas que não respeitam os cidadãos brasileiros. Pautas que são, muitas vezes, contra Direitos Humanos.

Padre, pastor ou pastora, qualquer pessoa tem o direito de se candidatar a um cargo público. Porém, é preciso analisar esses candidatos. Primeiro: trazem propostas, portanto, exequíveis ou são promessas, apenas para ganhar o seu voto? Segundo: qual a medida de sucesso para a sua igreja, na medida em que, quem morreu e – esperamos que aquele que acredita tenha ido ao céu – não se comunicou conosco para garantir que a promessa foi ou não cumprida; atenção, pois em geral, a medida de sucesso dessas igrejas são métricas empresariais com muito poder e dinheiro envolvidos. Não para você, é claro, mas para o pastor! Terceiro: candidatar-se significa misturar duas instituições incompatíveis o que demonstra, por si só, um fracasso na primeira escolha; ouso dizer com tranquilidade: pastor ou padre candidato é um fracassado na religião. Ninguém é bom em tudo!

E, por fim, a promessa não pode mais fazer parte da política. Se fizer, a sua garantia tem que, necessariamente, ser o passado e as companhias do candidato: o partido político.


Imagem de destaque: Elza Fiúza/ABr

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