Por mais estudantes e menos alunos

Alexandra Lima da Silva

“Coração de estudante. Há que se cuidar da vida. Há que se cuidar do mundo”. 

Sou professora há exatos 20 anos. E durante este tempo, que já representa a metade do meu tempo de vida, procuro manter vivo em mim, o espírito de estudante. Porque ser estudante é ser curiosa, desejante de saberes, experiências, aprendizagens. É ter sede de conhecimento, o que é muito diferente de acúmulo de informação.

Quando ingressei no curso de graduação em História, nos idos de 2001, eu já lecionava, era professora de séries iniciais. Por ocupar esses dois espaços ao mesmo tempo, me incomodava as vezes em que via colegas se referirem a estudantes como “alunos”. 

Agora docente em um curso de Pedagogia e em um programa de Pós-Graduação, me causa estranheza quando me deparo com a expressão “nossos alunos”, em cursos majoritariamente ocupados por mulheres. Opto por estudantes: as estudantes, os estudantes… reconheço também, que muitas destas estudantes, já são professoras e profissionais da educação. No âmbito da Pós-Graduação, defendo o mesmo. Mestrandas, mestrandos, doutorandas e doutorandos, são profissionais com diploma de graduação, muitas e muitos dos quais, docentes com bastante experiência profissional. Não são alunos. São colegas em formação. 

Tratar colegas em formação como “alunos” é a na minha modesta opinião, não praticar os preciosos ensinamentos de Paulo Freire, pois, “Ninguém ensina ninguém, ninguém aprende sozinho. Aprendemos juntos, em comunhão”. Por isso defendo a existência de mais estudantes, no plural, por uma pedagogia do respeito. 


Imagem de destaque:  Pintura da própria autora, guache sobre o papel. 

 

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