A extensão universitária é parte importante da formação dos alunos de graduação e pós-graduação e é um dos tripés acadêmicos das instituições de ensino superior “ensino, pesquisa e extensão”. A necessidade de implementação desse tripé nas universidades está inserido em diversos documentos oficiais sobre a educação e sobre a educação superior como a Constituição Brasileira de 1988, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996), Política Nacional de Extensão (2012), Plano Nacional de Educação (2014 e anteriores), e outras inúmeras resoluções do Ministério da Educação sobre a extensão universitária.
Durante a formação acadêmica os estudantes têm à disposição muitas modalidades de aprendizado que não passam somente pela sala de aula. Todos os dias as universidades promovem seminários, colóquios, cursos de extensão, aperfeiçoamento, grupos de estudos e muitas oportunidades para participação em ações de extensão universitária.
A extensão possui uma diretriz clara de encontro do conhecimento científico com os desafios da sociedade e tem um compromisso político de contribuir com a qualificação e a avaliação das políticas públicas de diversas áreas. Chamamos esse encontro de interação dialógica entre a universidade e a sociedade.
Nessa perspectiva, temos os estudantes graduandos e pós-graduandos como protagonistas do seu aprendizado onde podem, através de atividades extramuros da universidade, verificar as potencialidades de sua área de conhecimento para as resoluções dos problemas sociais, culturais, políticos e econômicos da sociedade, em nível micro (grupos sociais e comunidades) e em nível macro (atuando em políticas públicas).
De outra forma, outro impacto da extensão na trajetória curricular do estudante é a sua formação cidadã, pois as ações extensionistas permitem aos alunos promoverem reflexões éticas e estéticas sobre a nossa realidade. Um aprendizado sobre as desigualdades sociais, sobre as dificuldades e potencialidades da tecnologia, sobre as diversas culturas existentes em nossa sociedade, entre outros.
Temos ainda como função da extensão (bem ousada e necessária) a transformação social que direciona o planejamento e a execução de projetos, programas e cursos para uma prática comprometida com atividades que possam, realmente, alterar a situação 1 encontrada no diagnóstico inicial ➜ para ascender a situação 2 que poderá impactar no melhoramento das condições de vida ou no avanço e aquisição de novos saberes.
Os princípios e diretrizes da extensão universitária orientam para dois objetivos prioritários: colocar o conhecimento científico à serviço da sociedade e preparar futuros profissionais tecnicamente competentes e eticamente comprometidos com a sociedade e o futuro. Portanto, tem-se a necessidade de investir na extensão universitária e na ampliação de oferta de oportunidades de participação em ações extensionistas.
Destaca-se, aqui, o movimento pela curricularização da extensão que prevê, até o ano de 2022, que as universidades devem implementar o regime de 10% de atividades de extensão na grade curricular dos alunos de graduação. Esse procedimento vai otimizar a inserção da extensão na vida acadêmica dos alunos buscando o enriquecimento da sua formação.
Todos os estudantes, de passagem pela universidade, devem vivenciar a experiência da extensão em articulação com a pesquisa e o ensino. A extensão deve ser uma “sala de aula viva” para contribuir com os processos de aprendizado profissional.
Exemplos importantes desse aprendizado são os programas e projetos que atuam com o desenvolvimento de comunidades levando os universitários ao encontro com as comunidades indígenas, quilombolas, comunidades vulneráveis na periferia das cidades e na zona rural. Também a atuação junto a grupos sociais de idosos, de defesa da população LGBTQIA+, da juventude, entre outros.
É o caso do Projeto Rondon® que é um projeto de extensão universitária que atua com o voluntariado acadêmico, desde 1967, e que atua em cidades interioranas do Brasil e nas periferias de cidades grandes e médias. O Projeto Rondon® acontece e se organiza em vários estados do Brasil, através da gestão de Associações de ex-rondonistas que compõem os Institutos Projeto Rondon e em parceria com instituições de ensino superior públicas e privadas. As cidades que recebem o projeto são selecionadas pelo seu baixo IDH (índice de desenvolvimento humano) que recebem alunos das diversas áreas da saúde, educação, assistência social, engenharias e ciências da natureza.
O Projeto Rondon® tem como objetivo o desenvolvimento social e territorial das comunidades atendidas pelas equipes de campo composta por estudantes de várias áreas de conhecimento atuando pela geração de emprego e renda, incentivando o esporte e o lazer, realizando a educação em direitos humanos e a saúde preventiva, valorizando a cultura local, intervindo pelo meio ambiente e pela moradia digna e formando as lideranças jovens e comunitárias.
Classificamos essa atuação coletiva como uma ação de protagonismo da juventude universitária que pode utilizar sua criatividade, aprendizado e força para desenvolver ações transformadoras para a melhoria da qualidade de vida das cidades visitadas. Os universitários vivem um momento muito fértil de formação acadêmica e conhecimento e o encontro com realidades tão adversas é capaz de produzir também futuros profissionais mais comprometidos com a questão social de nosso país.
Após 50 anos de atuação no Brasil, atendendo mais de 300 mil universitários, o Projeto Rondon contribuiu sobremaneira para o aprendizado dos universitários, cumprindo sua missão de possibilitar aos universitários o conhecimento prático das diferentes realidades nacionais e envolvê-los no processo de desenvolvimento do país, de qualificar a formação da juventude brasileira como cidadãos conscientes e comprometidos com a construção de uma sociedade mais justa e solidária e de fortalecer a cidadania por meio da participação dos universitários na solução dos problemas do país.
A Extensão Universitária é sempre uma aula de Brasil!
Imagem de destaque: Projeto Rondon