Diversidade e igualdade de oportunidade – Parte IV

Antonio Teixeira

Os indivíduos mudam seus caracteres

continuadamente, mas sua unicidade

persiste.

Especiação

A epigamia comanda as forças de seleção pela reprodução sexuada com diversidade crescente e a evolução passa por um conjunto de fatores, tais como mutação, recombinação, adaptação ao ambiente, e diversificação dos fenótipos. A diversidade requer funções cooperativas poligênicas: I) Mutação que aumenta a diversidade do “pool” de genes à medida que a seleção natural orienta a seleção da melhor adaptação; II) Seleção natural que atua no processo reprodutivo que diferencia fenótipos; III) Qualidade seletiva de organismos complexos, cujos fenótipos conferem tolerância ao calor, obtenção de alimento, reconhecimento e fuga de predadores, e capacidade reprodutiva.

A evolução biológica significa criação continuada de novos sistemas a partir de invenções básicas preexistentes em bactérias, tais como transporte de prótons, elétrons e nêutrons de elementos químicos disponíveis. Todavia, a propriedade desses sistemas não é a soma dos elementos isolados. Qual seria a natureza das reações químicas que contribuem para a composição de sistemas biológicos complexos? As análises sugerem que sistemas com maior diversidade podem ter origem em modificações de macromoléculas de DNA e do controle genético de proteínas com atividade enzimática. Cada diversidade deriva da organização de micromoléculas, macromoléculas, componentes de células, tecidos, órgãos e sistemas de órgãos, indivíduos, famílias, populações e espécies. A compreensão do sistema requer análises de cada unidade e de todo conjunto. Tempo de amadurecimento atua na aceitação de ideias resultantes de novos descobrimentos.

Os contemporâneos podem viver em tempos

diferentes: alguns olhando mais para a frente e

outros mais para trás.

Novas populações são formadas pela seleção e cruzamento de indivíduos da mesma espécie. A deriva genética em plantas e animais permite a separação de fenótipos. Com escolha epigâmica, lobos selvagens produziram mais de 400 raças de cães com fenótipos tão diferentes como o dogue alemão (80 kg) e o chihuahua (5 kg). A barreira física impede o cruzamento dessas raças. Cada raça pode se tornar uma nova espécie pela reprodução sexuada em isolamento geográfico.

A evolução das espécies pela seleção natural depende de vários fenômenos biológicos entrelaçados:- I) Reprodução sexuada. II) Deriva genética e herança randômica com modificação da frequência de genes pela seleção natural; III) Isolamento geográfico das espécies que se reproduzem sexuadamente; IV) Variação geográfica com diferenças de fatores ambientais.

Então, evolução é descendente modificado por deriva genética que diferencia fenótipos fixados após muitas gerações, com função tempo progressiva em milhares de anos. O aluno questiona:— Se não vejo, não existe! E o professor explica:— Há um milhão de espécies do reino animal e 0,6 bilhão de espécies do reino vegetal; se não vê é porque a vida humana é muito curta e a especiação se completa após muitas gerações.

A homeostasia é potenciada pelo cruzamento de indivíduos heterozigotos, que possuem gametas dissemelhantes. Ao contrário, a homozigose resulta de genitores consanguíneos, ou quando os indivíduos são criados em gaiolas que permitem acasalamentos com herança genética semelhante. A heterozigose potencia vigor físico e intelectual devido aos fatores genéticos com a melhor adaptação. Nesse contexto, a heterozigose é crescente nas nações que têm populações indígenas ancestrais ou que praticam cotas de imigração.

Epigenética

A epigenética estuda interação de genes durante o desenvolvimento embrionário:- I) Como as células da parte interna amarela do ovo com citoplasma e núcleo se transforma em organismo adulto altamente organizado? II) Como as estruturas codificadas no ovo materno se transformam num organismo adulto? III) O que regula o imenso leque de diferenciação? IV) O que acontece quando o ovo fertilizado, cujas células se dividem pela meiose e se diferenciam nas gônias, nos testículos e nos ovários, que dão origem aos gametas?

A interação fica transcrita na programação dos gametas, editada e compartilhada em embriões de todas as espécies, e os genes codificam proteínas com atividades de enzimas que formatam o novo embrião. Cada gene sinaliza, em curto período, o aparecimento de uma nova estrutura. O sinal logo se extingue quando outro gene inicia nova sinalização para criar estrutura seguinte a partir do que já existe na programação originada durante a fusão dos gametas. Então, o desenvolvimento de estruturas diferenciadas no embrião depende da sinalização de genes que liga e desliga em momento preciso, conforme formatação no genoma das células do ovo fecundado.

O desenvolvimento do embrião lembra uma orquestra com liga-desliga de cada instrumento no movimento certo, com base na unicidade de sistemas complexos. De fato, a especiação resulta de longo processo de evolução com programação de herança, vigor físico e intelectual, em sistemas ecológicos diferentes. A programação genética aleatória impossibilita similaridade em sistemas biológicos complexos. Mas é seguro afirmar que a tradução de programação genética em comportamento pode ser modificada por impulsos sensoriais e por estados fisiológicos intrínsecos, tal como desbalanço hormonal.

Consideração final

Porque somos diferentes, podemos dialogar sobre evolução e seleção natural dos seres vivos, com a empatia da linguagem simples, acolhedora de alunos e professores. A interlocução aberta ao questionamento estimula a curiosidade essencial para o exame de conhecimento que associa diversidade genética e democracia, atributos da igualdade de oportunidades. Porque somos diferentes, podemos estudar com resiliência sobre a origem das espécies pela seleção natural, no sistema educacional brasileiro.


Imagem de destaque: PublicDomainPictures por Pixabay

 

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