Diversidade e igualdade de oportunidade – Parte III

Antonio Teixeira

 

Cada indivíduo é um fenômeno novo de evolução biológica.

Engenharia genética da diversidade

A teoria da evolução tem fundamentação multicausal que associa os fenômenos de mutação, recombinação, adaptação ao ambiente, e seleção. No estudo da evolução das espécies identificam-se programações em diversos níveis: – i) Genótipo resultante da frequência de genes que conferem a herança genética.

  1. ii) DNA, macromolécula que retém informação genética que se traduz em herança. iii) RNA fita simples de nucleotídeos que transcreve as informações de genes e as edita em proteínas, sujeitas a modificações pelas mutações e erros de leitura. iv) Herança poligênica que diferencia o fenótipo do indivíduo reconhecido pelas características resultantes das proteínas organizadas em estruturas do corpo. O fenótipo é a herança traduzida em proteínas que caracteriza o indivíduo. A evolução é apreciada pelo fenótipo, cada um com sua história.

As mutações enriquecem o “pool” de genes e promove variação genética. A maioria das mutações são neutras, mas variação vantajosa tende para sua preservação. Entretanto, mutação em um só gene só altera o fenótipo quando há recombinação e interação de gene a gene. Em decorrência de recombinação, a importância do gene em uma posição pode ser benéfica, mas pode ser letal em outra posição. Então, a influência do gene no fenótipo está sujeita a fatores regulatórios de natureza química, tais como metilação e oxidação do DNA por histonas ligantes de DNA.

Enzimas são proteínas que funcionam em bactérias, plantas e animais. Sua atividade persiste, a despeito de mutação no gene de origem, onde os aminoácidos têm valor seletivo. A regulação da síntese de proteínas pelos genes guarda semelhança com uma sinfonia que influencia crescimento, desenvolvimento e diferenciação de cada movimento evolutivo.

O aluno pergunta: Como a perfeição do olho pode ser desenvolvida a partir de mutações aleatórias?

O professor explica: o olho é um sistema óptico complexo formado por vários meios transparentes e de sistema fisiológico que propicia variações de cores e formatos. Essa complexidade é produzida por muitos genes no comando da embriologia do olho. Os muitos milhares de olhos diferentes revelam a imensidão da variação genética pela associação de conjuntos de genes e herança poligênica. Portanto, uma mutação em um gene não explica o fenótipo olhos verdes no filho, os cujos parentais têm olhos negros. De fato, genes são unidade de herança, mas a definição do fenótipo do olho requer interação simultânea de enzimas que alteram a pigmentação da retina. Na linhagem ancestral a reprodução sexuada e a seleção natural mostrarão descendentes com olhos negros ou, eventualmente, verdes, azuis, e mescla de cores.

Reprodução sexuada e heterose social

A evolução das espécies pelo aumento da complexidade genética requer associação com a reprodução sexuada, quando ocorre recombinação e permuta de genes. A herança genética resultante da reprodução sexuada é aleatória porque os cromossomas de gametas haploides do pai e da mãe se dividem pela meiose, quando ocorrem trocas de posição de pedaços de DNA, reposição e mistura de genes. Por isso, a diversidade do recém-nascido tem relação com a heterose dos pais. A reprodução sexuada de pessoas consanguíneas reduz a diversidade genética. Ao contrário, o cruzamento de indivíduos não- consanguíneos potência a diversidade e esse fenômeno é conhecido como heterose social. Nesse contexto pais e filhos são realidades distintas; ninguém é média, pois a herança aleatória tem complexidade imensurável. Por isso, mutação e recombinação em indivíduo bem sucedido na utilização de recursos ambientais, podem ser perdidas no próximo ciclo reprodutivo aleatório.

Espécies são grupos de indivíduos que se multiplicam sexuadamente e se separam de outros grupos. Se a diversidade entre indivíduos da mesma espécie for suficientemente grande para o reconhecimento visual, refere-se a tal grupo de indivíduos como raça. O pertencimento a raça de uma espécie é, sim, distinção. Portanto, raça é fenômeno universal da natureza, ocorrendo nos humanos e na maioria das espécies nos reinos dos animais e das plantas. Jamais haverá um tipo ideal, porque os conceitos de superior e inferior inexistem em genética, visto que fenótipos resultam de mistura de genes que podem ser selecionados ou não na próxima geração. De fato, a diversidade genética da população, com variações em gerações sucessivas, é apreciada como a maior riqueza numa nação civilizada.

O conhecimento de biologia da evolução foi alcançado por cidadãos que satisfaziam a curiosidade inata. A evolução da escola levará o aluno a satisfazer sua curiosidade inata, guiado pelas mãos experientes dos pais e dos professores.

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Confira a parte I e a parte II deste texto.


Imagem de destaque: National Cancer Institute / Unsplash

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