A EJA no Horizonte: Da extensão cultural de Paulo Freire no começo dos anos 60 à extensão universitária e a EJA de agora

Débora Souza Gomes 

Em comemoração ao centenário do patrono da educação brasileira, no dia 25/06/2021 às 19h00, o Programa de Extensão de Educação de Jovens e Adultos do Centro Pedagógico da Ebap/UFMG, no quadro “A EJA no Horizonte” realizou a live “Da extensão cultural de Paulo Freire no começo dos anos 60 à extensão universitária e a EJA de agora”. 

O evento contou com a intermediação da professora e coordenadora do Programa de Educação Básica de Jovens e Adultos da UFMG, Maria da Conceição Fonseca, da FaE (Faculdade de Educação, UFMG), com a equipe de educadoras e educadores da equipe de continuidade do Proef II da EJA CT UFMG e com a participação do professor Dr. Carlos Rodrigues Brandão, com graduação em Psicologia, mestrado em antropologia e doutorado em Ciências Sociais. 

De forma prestigiosa, o professor Carlos Brandão vivenciou a alegria de conviver com nosso patrono da educação e compartilhar de sua amizade, especialmente no período em que ambos experimentavam o início da vida universitária em suas trajetórias. Dessa forma, a conversa permite que recebamos a alegria de saber mais sobre tais interações e que nos sintamos ainda mais próximos do viver freireano.

De forma afetuosa, na abertura do encontro ocorreu a apresentação da poesia dedicada à Paulo Freire, escrita pelo professor Carlos e recitada pelos educandos da turma da continuidade da UFMG Adriana, Luiza, Flávio e Geralda. Confira-a abaixo:

Paulo Freire

A barba branca aveludada,
a pausada fala mansa
de quem escuta e então fala 
o que de um outro ele ouvia
quando, ensinando, aprendia.
E os gestos das mãos
tão largos como em festa
volteiam sobre quem esquece
como bandeira de guia.
E a sua palavra de então
chamava pra rua e a luta
quem sua fala calava.
Quem a coragem perdia.
Quem suas mãos abaixava.
Quem seu chamado esquecia!

Na conversa, professor Carlos Brandão contextualiza o legado da educação popular deixado pelos trabalhos de Freire a partir dos anos 60, conhecidos como “a década que não acabou”, quando Paulo Freire ingressa no setor de extensão cultural da Universidade de Recife, e, a partir daí, dá início à sua trajetória em meio à educação popular com o sistema Paulo Freire – não implantado no Brasil devido ao golpe militar. 

Temas como o analfabetismo funcional no Brasil, a “pandemia cultural” e o engessamento de escolas são abordados na conversa, trazendo à tona a compreensão e a extrema urgência da chamada educação problematizadora de Freire. 

Além disso, o professor destaca o papel natural, espontâneo e, ao mesmo tempo, emancipador dos estudantes nas iniciativas de ações culturais dentro das universidades, ressaltando a importância da extensão universitária para a continuidade e pelo esperançar do sistema freireano em tempos de barbárie.

Ao considerar que todo esse repertório de Educação e pensamento libertadores teve seu início e estopim na vida universitária de Freire, o encontro discorreu também em torno da proposta freireana dentro do programa de extensão cultural: fazer com que a universidade “encarne” o mundo popular, dando forma e início, na época, ao Instituto de Estudos Operários, abrindo espaço para pensar esse legado na Escola de Jovens e Adultos de hoje e a missão de resistência, luta e esperança que este programa representa e constrói para o povo brasileiro. 

O encontro, portanto, desvenda um riquíssimo material vindo de experiências de um estimado professor universitário que prossegue em suas contribuições para a propagação e a aplicação do legado material e imaterial de Freire. A conversa é de grande relevância para quem deseja aprofundar seus conhecimentos, reflexões e para quem deseja se sentir provocado pelas narrativas culturais, educacionais e políticas do Centenário.

A Live está disponível no YouTube no canal do Centro Pedagógico da UFMG.

 

Saiba mais:

Acesse a live aqui

Livros e artigos do professor Carlos Brandão disponíveis, gratuitamente, aqui


Imagem de destaque: André Koehne

 

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