A educação que queremos para o Brasil

Aleluia Heringer

“Onde não há pão não há sossego”

Ao falarmos de uma educação “para” um país, no caso, chamado Brasil, inevitavelmente vem a dúvida: mas qual Brasil? Quem está querendo? Qual educação? Para quê? Se no título já estamos com tantas dificuldades, corremos o risco de complicar mais ainda. Entretanto, Edgar Morin diz que a complexidade está mais próxima das crianças do que dos adultos, pois não se trata de algo complicado, mas daquilo que é tecido junto. Que seja assim.

Partimos do pressuposto de que temos muitos brasis, categorias sociais distintas de cidadãos. Extrema é nossa riqueza; aguda é nossa pobreza. A educação, assim como qualquer direito básico garantido à população, é diversa, seguindo a lógica dos extremos. Se abríssemos aqui alguns parágrafos para dados estatísticos, veríamos que a educação oferecida no Brasil tem sua qualidade atrelada à cor/etnia, região geográfica, origem socioeconômica, para citar algumas variáveis. Soma-se a tudo isso, e com grandes implicações, as duas vias paralelas, da oferta pública e da particular.

Em uma ponta dos nossos extremos sociais, alguns estudantes encontram o caminho desimpedido, o café na mesa, o carro na garagem, dinheiro para lanche e almoço, os livros, tablets, viagens, esporte, aula de inglês e mandarim, os professores mais bem qualificados e as escolas mais bonitas e, no final do dia, um pai ou uma mãe que perguntam: o que você aprendeu hoje na escola? Já fez os deveres? Na outra ponta, a criança ou jovem que parte a pé, quase sempre mal alimentado, carregando seus modestos materiais escolares, rumo à escola da precariedade e para o encontro com os professores sobreviventes. No final do turno, quando retorna para casa, não encontra uma mãe disponível e muito menos um pai. Muitos irão para a rua, outros sairão para fazer “um bico”, se quiserem adquirir um tênis ou um celular.

Um dia, esses dois tipos de brasileiros vão se encontrar: um dentro do restaurante bacana ou do teatro e o outro do lado de fora, como flanelinha. Nossa pátria, mãe gentil, somente para alguns de seus filhos!

Esperar do Estado o reparo desse fosso social é preciso e necessário. Entretanto, leva tempo. Como nação, deixamos de cumprir uma obrigação, alijando gerações do acesso à boa educação. Temos clareza de que aquilo que não é para todos não será para ninguém. Não existe ilha social. Vamos percorrer as mesmas ruas, utilizar as mesmas praças e morar no mesmo chão.

Viver em um Estado democrático de direito, acessar e usufruir da polis, dos seus bens culturais e materiais, são, ou deveriam ser, para o conjunto de sua população. Essa alfabetização é algo que se ensina na educação básica; daí, ser uma oferta essencial para toda a população. Ter excluídos e marginalizados inviabiliza, para estes e aqueles, qualquer tipo de avanço na ideia de povo brasileiro em qualquer de seus índices. Um povo que não leva a sério sua educação não terá parques para lazer nem parque tecnológico. “Onde não há pão não há sossego”, assim como o país que não investe na educação do seu povo não tem lugar no hoje e nem no futuro.

A educação que desejo para o Brasil não requer a construção de uma escola sofisticada, com equipamentos “de última geração”. A escola precisa ser limpa, organizada, com recursos e objetos essenciais, mas que funcione. Uma boa educação não é sinônimo de ostentação.  Que tenha, como ponto de partida, o arcaico quadro e giz, mas nesse lugar o que precisa ser “de ponta” são os docentes. Esse é o grande investimento que o Brasil precisa fazer. Cada criança e jovem brasileiro têm o direito de ter um professor ou uma professora com formação científica e técnica, consistente em didática, metodologias de ensino, entendimento do desenvolvimento da criança, entre outros conhecimentos, e uma boa e atraente remuneração. Que a educação seja parte de um projeto estratégico de nação, blindada dos interesses duvidosos dos governos que se sucedem. Aí, sim, haverá sossego!

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