Elaine A. Teixeira Pereira
Rita Cristina Lima Lages
A temática da formação docente, inicial e continuada, evidencia-se como problemática recorrente na educação. Não raras vezes, aparece em títulos de eventos acadêmicos, em nomes de grupos e projetos de pesquisa, em palavras-chave de livros, artigos e outros ‘produtos’ da área. Se, por um lado, consiste em uma abordagem recorrente nas discussões sobre docência e profissão docente, por outro, a ‘formação’ é exaltada como problema e solução da educação – em discursos nem sempre comprometidos com o necessário rigor conceitual e analítico e/ou com a complexidade que o tratamento acadêmico de determinado assunto deveria supor.
E quando se fala em formação de professores e professoras, o Estágio Curricular Supervisionado mostra-se como tópico dos mais importantes. Constituindo-se em “oportunidade de aprendizagem da profissão docente e de construção da identidade profissional”, como espaço e tempo de “descobrir caminhos” e de “construir um jeito de caminhar na educação”, o Estágio relaciona-se diretamente às discussões acerca da articulação entre teoria e prática e, ainda, da necessária relação entre universidade e escola básica.
Nesse debate insere-se a nova edição do Pensar a Educação em Revista, intitulada Estágio Curricular Supervisionado e formação docente. Américo Junior Nunes da Silva é quem produz o artigo de revisão e indica, conforme requisito do periódico, dez textos para leitura e aprofundamento na temática. Américo é Doutor em Educação pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e atua como docente do Departamento de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Educação, Cultura e Territórios Semiáridos da Universidade do Estado da Bahia (Uneb). O professor e pesquisador reúne em seu currículo experiências na Educação Básica (professor e diretor escolar) e na Educação Superior (docência na graduação e pós-graduação, coordenação de cursos e programas). Ademais, desenvolve investigações sobre a formação de professores que ensinam Matemática e integra grupos de pesquisa afins, como o Laboratório de Estudos e Pesquisas em Educação Matemática (CNPq/LEPEM-Uneb), do qual é líder.
O artigo de revisão bibliográfica produzido pelo professor Américo compõe-se de um interessante caminho de escrita. Após apresentar um recorte mais geral sobre estágio e docência no contexto atual, o autor explicita, em um segundo momento, os textos selecionados para sua revisão, bem como os critérios para tal escolha. Posteriormente, discute os trabalhos indicados, destacando seus potenciais de formação. De maneira geral, o diálogo gira em torno da relação entre teoria e prática, da profissionalização docente, de concepções de estágio e docência, da aproximação entre estágio e realidade escolar, da relação interinstitucional entre escola e universidade, dos aspectos legais do estágio, das disciplinas pedagógicas e específicas em cursos de licenciatura.
Concebendo o Estágio Supervisionado como “atividade teórico-prática de ensinar”, como “campo de conhecimento” e “espaço de formação” fundamental na constituição da “identidade profissional”, o autor coloca em evidência algumas interseções entre os dez trabalhos por ele apresentados: as discussões sobre os conceitos de teoria e de prática; a denúncia de que as disciplinas de Estágio ocupam pouco espaço nos currículos dos cursos de formação; a importância da Educação Básica e da Educação Superior nas aprendizagens sobre a profissão docente.
Deixamos, pois, o convite aos nossos leitores e leitoras para que ampliem seus conhecimentos sobre Estágio Curricular Supervisionado e formação docente, dedicando-se à leitura desse novo número do Pensar a Educação em Revista – tanto do artigo inédito escrito pelo professor Américo quanto dos textos por ele indicados. Desejamos que essa produção circule entre formadores/as e professores/as em formação inicial, nos mais diversos contextos, áreas e instituições, promovendo debates e ampliando conhecimentos.
Boa leitura!
1PIMENTA, Selma Garrido; LIMA, Maria Socorro Lucena. Estágio e docência. 7 ed. São Paulo: Cortez, 2012, p. 99-100.
2Ibidem, p. 129.
Acesse a revista aqui.