O que esperar do ano letivo de 2020: o dever de casa de gestores, educadores, alunos e família

Mariana Abbês Emery*

Entre uma briga eterna entre VIDAS x ECONOMIA, VIDAS x ECONOMIA, VIDAS x ECONOMIA a EDUCAÇÃO e o ANO LETIVO DE 2020, travam sua própria batalha.

A pandemia da COVID-19 acertou precisamente não só a saúde e a economia dos brasileiros, mas também a educação de milhões estudantes e sim, de seus responsáveis também.

Com o fechamento de milhares de escolas em todo o país, assim como em todo o mundo, os alunos viram-se primeiramente colocados em férias antecipadas e depois insertos em aulas virtuais, plataformas e envios de atividades digitalizadas.

Os pais por sua vez, viram-se colocados em trabalho remoto, ou quando não, insertos em um misto de preocupação, desespero e descredito quanto a essa nova forma de ensinar.

Isso porque, não sendo possível a forma presencial de ensino, as aulas passaram a ser ministradas de forma virtual, ou seja, chegam a milhares de estudantes através de plataformas ou sistemas televisivos, como em parte do país.

Para aqueles que não possuem acesso à internet, ou mesmo eletricidade, ou aparelhos de televisão em suas residências, até porque muitos sequer saneamento básico possuem a sua disposição, essa nova forma de ensino por certo, torna o sonho do aprendizado muito mais distante e por vezes impossível.

Em um país onde a desigualdade transborda para além da questão econômica, permitir que a população menos favorecida, em fase de aprendizagem, obtenha e assimile essa nova forma de aprender fica cada vez mais difícil, diante do atual cenário mundial e coloca os pais desses alunos em verdadeiro estado de desespero.

Ainda mais antes diversas promessas não cumpridas de entrega de tablets, chips para uso de internet, de material didático impresso, dentre outras. Se a disponibilização de tais ferramentas já era quase que impossível em dias normais, menos ainda o é agora.

Para esses pais e alunos, a grande maioria entende que o ano letivo se encontra perdido e que muito provavelmente serão “passados de ano”, sem qualquer possibilidade de assimilação de conteúdo.

Já para os que possuem acesso a essa infraestrutura (Internet, Tablets, computadores…), manter o foco e a atenção dos alunos e a coparticipação dos responsáveis é um dos maiores desafios enfrentados pelos professores e escolas.

Se por um lado, o aluno não era muito participativo nas aulas presenciais, menos ainda o é nas aulas virtuais, acabando por, quando possui meios de participar destas, sequer acessar os Links ou o conteúdo programático disponibilizado, ou muitas vezes se desinteressando, ou dispersando no meio da explanação. Professores e escolas se desdobrarem na elaboração desses conteúdos e nas diversas formas de disponibilização, não só junto as plataformas, mas muitas vezes via aplicativos de WhatsApp e e-mails, tudo na esperança de que seus alunos não percam o ano letivo e mantenham-se estimulados.

Contudo, muito desse esforço é perdido, pois, essa falta de interesse e ainda de credibilidade em relação a essa nova forma de ensino acaba por desestimular os alunos a seguirem com seus estudos e em acreditar que o ano de 2020 ainda não está perdido.

Não só alunos, mas muitos pais estão desacreditados em relação a essa nova forma de aprender e se perguntam se vale a pena permanecer arcando com o pagamento das mensalidades para que seus filhos não se atrasem em relação a outras crianças e amiguinho de turma, ou se trancam as matrículas e assim permitem a seus filhos retornarem a graduação no ano letivo seguinte, quando então, esperançosos quanto ao retorno a “normalidade”, possam então, diante do método tradicional de ensino, finalmente aprender .

Soma-se a tudo isso que muitos pais, quando em casa, trabalham de forma remota, não conseguindo acompanhar as aulas remotas ministradas aos filhos, o que acaba por causar certa insegurança quanto ao método e em relação a real assimilação de todo o conteúdo.

Esse é o maior desafio apontado pelos educadores: o engajamento tanto dos alunos quanto das famílias. Daí a importância, mais do que nunca, da proximidade na relação escola x responsáveis.

Na busca dessa proximidade, muitas escolas estão apostando na elaboração de um cronograma de estudos, conteúdo e atividades, de forma que tanto os alunos quanto os pais se preparem da melhor forma possível ao cumprimento das metas traçadas, seja de forma semanal, quinzenal ou mensal. A criação de um cronograma facilita tanto para os educadores e gestores quanto para os educandos e familiares.

Outro ponto de aproximação é a verificação e análise por parte de gestores e educadores do real motivo da falta de engajamento/participação do aluno. De posse dessa análise, é possível se criar formas, métodos de fomento a participação dos alunos. Deve a escola ir atrás da família, resgatar o aluno, dar suporte ao mesmo, as famílias descrentes, permitir a recuperação do conteúdo perdido pelo aluno e assim afastar qualquer motivo a não participação junto as aulas e atividades.

Cabe as escolas e professores demonstrarem aos pais a evolução de cada um dos alunos, as matérias onde estes tem se destacado, as que encontra mais dificuldade, se oferecerem para sanar dúvidas, não durante as aulas coletivas, mas de forma individualizada, requerer a ajuda dos pais  no repasse das atividades em casa, ou seja, mostrar que a escola não se limita de forma de ensino presencial e que é sim possível aprender remotamente e que o ano de 2020 não se encontra perdido. Esse feedback permitirá um maior engajamento aluno/família/escola.

Certo é que, se por um lado a pandemia acelera outras formas de ensino e ensinar, por outro, afasta cada vez mais os menos favorecidos e os incrédulos nessas novas formas de aprendizado, razão pela qual, importa mais do que nunca, a proximidade na comunicação, a visão e o sentir do educador em relação ao aluno, o contato humano, ainda que na forma virtual entre escola x aluno x família, de forma que o engajamento se mantenha vivo e faculte o cumprimento do dever de casa por todos os envolvidos nesse processo.

*Advogada do MLA – Miranda Lima Advogados


Imagem de destaque: Windows / Unsplash

 

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