– chegou com o vento das oscilações –
“A relação entre o pensamento e a palavra é um processo vivo: o pensamento nasce através das palavras. Uma palavra desprovida de pensamento é uma coisa morta, e um pensamento não expresso por palavras permanece uma sombra.” (Vygotsky)
Quando o caldo da in/consciência prevarica sobre o campo da consistência, a significação calça botas. Foi assim que ele chegou: embotado! Carregava na mão direita um espanador de cabo longo. O penacho da ferramenta empinava com presunção as desgastadas plumas. Um deboche à vida.
Não se julga o verbo. Julga-se a ação. Embotado, o espanador de estrelas pavoneava-se como biltre falastroso. Especialista no manejo do ódio, costurava à mão as relações de interesse próprio. Um ninho. Dois ninhos. Uma cava de corrupção.
Não lhe coube a métrica da ponderação. Negacionista, religiosista, pisou o discurso da decência. Decadência!
Instalou-se, tosco e insano: despudorado tirano, envolto em destruição.
Destituído de pensamento, destilava sombras por onde quer que dirigisse as falsas plumas: bravatas de um fantoche.
A denominação coubera-lhe no decorrer da sorte, inglória e imprópria sorte. Declinou vidas, ofendeu a ciência. Aberta, a cornucópia de improbidades falseadas em metáforas de razão, abundejava. Abestalhava!
O caldo da inconsciência anestesia a palavra alheia, derrama a bílis da civilidade, mas não enterra a história sem pagar o custo da prevaricação.
Nesta prosa, as estrelas, varridas da Terra, caíram no céu. E tantas foram, tantas foram que, os cometas, até então ausentes, reuniram-se para perguntar:
_ De onde vêm?
_ Da Terra.
_ Mais especificamente?
_ De um país tropical…
_ Arrebatados?
_ Contaminados.
_ Pó de anjo?
_ Vírus.
_ Letal?
_ Capital.
_ Não encontraram a cura?
_ Há procura.
_ E vacina?
_ …chacina.
_ Não compreendo. Vocês são muitos…
_ Pó de estrelas.
_ Têm nome?
_ Números.
_ Endereço?
_ … Brasil.
Sob o céu daquelas perguntas, as antigas estrelas, encolhidas, uniram-se em choro. Rios de lágrimas cintilantes atravessaram, silenciosamente, o espaço sideral, enquanto os corpos celestes continuavam a chegar: aos pares, em trios, dezenas, centenas deles chegavam para ficar.
Rios de lágrimas transbordavam no espaço terrestre: a quantas mãos faz-se um funeral? Quem ia não voltava. A saúde maltratada, ao calvário a educação: compromisso do projeto escrito – dito.
Mantinha-se a inação no campo das ilusões: conspiração. Desacreditava-se do fato, tendo à frente o embotado espanador: homem sem glória, em desonra na história, cabo longo de falseador.
Sob o céu de estrelas subidas, as gentes não acordam do torpor criado e alimentado por falsas indicações. Acordam?
_ Uma gripezinha! 90% não sente nada!
As estrelas choram. Os brasileiros conscientes também.
Mas do lugar da vida, já se torna audível o nascimento da palavra!
Referência
VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
Imagem de destaque: Priscila Paula http://www.otc-certified-store.com/gastrointestinal-tract-medicine-usa.html www.zp-pdl.com https://www.zp-pdl.com https://zp-pdl.com/get-a-next-business-day-payday-loan.php http://www.otc-certified-store.com/hiv-medicine-europe.html