No resgate de alguns escritores

Suelio Geraldo Pereira

O Brasil é um país de memória fraca que esquece e ignora muito dos nossos escritores. Coopera para essa desmemoriação muitos fatores, os quais não irei adentrar, principalmente por tocar a questão do cânone, debate que não comportaria essas poucas linhas e, vamos ser francos, bem entediante. Principalmente por esse último motivo, não querendo ser maçante ao meu leitor, gostaria apenas de elencar alguns nomes de autores e autoras que estão nas sombras do esquecimento.

O leitor já deve ter conhecimento de uma gama enorme de escritores nacionais e internacionais. Nas escolas, universidades, ou em qualquer outro ambiente educativo, deparamo-nos com textos basilares, considerados as obras-primas da literatura. São esses os grandes exemplos das escolas literárias, sendo suas vidas, seus engenhos e artes, estudados ao extremo. Porém, para se ter o melhor, há que se ter o pior. Comparar é preciso para saber o que é bom. Entretanto, essas comparações são relativas e dependem muito do contexto histórico, social, econômico e cultural do momento. 

Da cata do feijão “apreciável”, como faziam nossas mães em peneiras de taquara, o resto que sobra (o feijão quebrado, furado, escuro, manchado, etc.) é jogado fora. Contudo, nem sempre o que se descarta é “ruim”, muito daquilo que se joga fora também é gostoso, tem outro sabor, diferente do comum. Todavia, desviar do gosto crítico ou popular da época não é um valor rígido para o esquecimento, como comprova Guimarães Rosa, que fugia dos padrões e gostos, mas foi aceito e apreciado. Como já lhe avisei, caro leitor, são vários os fatores que adentram na eleição de obras e seus escritores.

Em algumas leituras, feitas há pouco tempo, deparei-me com uma entrevista de Graciliano Ramos. Nela, o escritor de Vidas Secas nos diz que estava fazendo uma antologia de contos brasileiros, para tanto, precisou ler ou reler algumas obras. Depois dessas leituras chegou a algumas dúvidas, principalmente em relação a um prócere do modernismo, explanando-a na sua sinceridade conhecida: “Achei dois contos de cinco ou seis páginas cada um e pergunto: isso justifica uma glória literária?”. Ramos aborda, assim, a questão arbitrária de escolha. Nessa mesma linha, Ramos continua falando sobre o modernismo: “Os modernistas brasileiros, confundindo o ambiente literário do país com a Academia, traçaram linhas divisórias rígidas (mas arbitrárias) entre o bom e o mau”, e não só fizeram isso como, também,  “querendo destruir tudo o que ficara para trás, condenaram por ignorância ou safadeza, a muita coisa que merecia ser salva”. Essa noção do velho Graça não se fixa apenas ao modernismo, podemos estendê-la aos diferentes sistemas literários brasileiros. Mas, deixemos de prosa boba e filosófica para irmos ao que interessa, isto é, alguns nomes de escritores que precisam ser resgatados, estudados e suas obras lidas. Para deixar claro ao leitor, estruturei em uma tabela os autores e uma de suas obras, principalmente, por alguns terem apenas um escrito: 

 

Claro que citei aqui, nesse texto, os escritores que conheço ou descobri, os que desconheço espero que alguém algum dia os desvelem. Contudo, meu intuito e desejo era instigar em você, amigo leitor, a curiosidade para ir ao encontro desses. Tomara que o tenha conseguido.

 

Sobre o autor

Mestrando em Letras (Literaturas de Língua Portuguesa) pela PUC Minas, com bolsa concedida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES (nível 2). É formado em Letras, português e espanhol, com especialidade em Docência e Português Jurídico. Possui alguns textos, possivelmente contos, publicados na Revista Subiversa. Já atuou como professor de português em escolas estaduais e municipais como, no ensino de adultos, para o sistema SESI.

Para saber mais

MUZART, Z. L. A questão do cânone. Anuário de Literatura, v. 3, n. 3, p. 85-93, 1995. Disponível aqui.  

SENNA, Homero. A última entrevista de Graciliano Ramos. Revista Bula, Brasília, 25 de ago. de 2020. Disponível aqui

 


Imagem de destaque: Galeria de Imagens

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