Ler “Entre Mulheres”

Maria Catarina Laborê1

Entre Mulheres é um chamado às dimensões das minhas inquietações constantes.

Cada compartilhamento das mulheres nesta obra que emite vivências de maneira tão real – um convite de instâncias de maturidade emocional, política, social, racial e, sobretudo, de confronto com suas sagas. Narrativas construídas que sustentam a existência de cada uma dessas mulheres que se apresentam de forma singular de sentimentos, configurando-se de maneira peculiar para esses sujeitos, trazendo registros de processos produzidos numa dinâmica sócio-histórica compartilhada. E digo que, relatadas, não mais pertencem apenas àquela que nos conta, mas a todos nós que compartilhamos afetos pertinentes às nossas relações pessoais, sociais e raciais.

Destaco o paradoxo de vida e morte, tão forte retratado, do imaginário e do real, bem como do desafio de afirmar como mulher, a partir da educação familiar em qualquer que seja a época em suas constantes gerações, do incompleto e permanente ambiente educacional, familiar, onde temos que reafirmar nossas passadas pelas grades curriculares recebidas e que só cabe a nós enfrentar, resistir cotidianamente em provação de toda ordem.

Obra que deixa uma marca registrada sobre Inteligência Multifocal das mulheres; algo incrível! Nenhum profissional da mente conseguiria dar um parecer exato. Encantada!

Continuo a me inquietar a cada momento que me deparo com situações adversas.

E me remeto a cada história registrada. Afinal, elas apontam uma interrogativa permanente que está por aí, a nos espiar, nos provocando a refletir e posicionar diante da sobrevivência de tantos antônimos existenciais, a partir de nossa colcha de retalhos costurados, embora emendados nas diversas progressivas ou não construções familiares e educacionais.

É isso:

Recomendo a leitura, não apenas do ponto de vista casual de ler mais um livro, mas como ser dilacerado por nossos paradoxos, por nossas crenças, rachadas, bom x mau ; certo x errado; justo x injusto; generoso x malígno, afetivo x cognitivo; secular x sagrado, verdade x mentira; feito x mal feito; não feito…

Nada é parâmetro compassivador, suficiente. 

Modera, mas não prepondera.

Que isso meu amigo de longas eras ancestrais, Luciano Mendes?

Que obra acertada em sua fantástica leitura dessas mulheres.

E quanto à ilustração espetacular da capa, vou guardar só para mim, tamanha significação negra.

 

1 – Licenciada em Estudos Sociais e Ciências Sociais pela PUC/MINAS. Líder Comunitária. Propulsora do Observatório dos Direitos Humanos em Divinópolis, junto a OAB e Arquidiocese.

Serviço: o livro pode ser adquirido aqui


Imagem de destaque: Caravana Grupo Editorial

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