Memórias das madres Francisca Peeters e Maria Augusta Cooman: do Colégio André aos manuais didáticos – Sandra Maria de Oliveira

Memórias das madres Francisca Peeters e Maria Augusta Cooman: do Colégio André aos manuais didáticos

Sandra Maria de Oliveira

Elizabeth Peeters nasceu em Tournay/Bélgica, em 21 de outubro de 1876, e faleceu em 23 de dezembro de 1973, em Jaboticabal. Foi o sétimo membro de uma grande família, tradicionalmente católica e manifestou bem cedo seu gosto pelo estudo. Ela tinha facilidade com a escrita e, assim, viu a possibilidade de auxiliar as pessoas, colocando seu serviço para sua família e sua comunidade. Seus estudos, na infância e adolescência, foram feitos no Colégio Santo André em sua cidade natal. Aos domingos, na escola dominical da sua comunidade, transformava-se em professora colaborando na alfabetização de adultos. Empreendeu os estudos chamados Regentes, correspondentes ao ensino médio. Em Louvain, ingressou no curso superior sucessivamente nas sessões científica e literária. Em seguida esteve na ilha de Jersey o tempo suficiente para aprender o inglês. Como tinha vocação religiosa, a Irmã buscou a Congregação das Irmãs de Santo André. Admitida, iniciou sua formação religiosa aos 19 anos de idade, continuando sua formação intelectual, estudando matemática e latim. Nesse período recebeu o nome pelo qual seria conhecida: Francisca Peeters. Consagrada a Deus pelos votos religiosos em 13 de dezembro de 1897, Madre Francisca dedicou-se ao ensino no colégio de Tournay.

Madeleine de Cooman nasceu em Grammont/Bélgica, em 11 de fevereiro de 1878. Em 1963, aos 85 anos de Madre Maria Augusta, faleceu repentinamente na cidade de Jaboticabal. Era de uma família profundamente cristã. Iniciou seus estudos na cidade natal, em escola particular mantida pela Congregação religiosa das Beneditinas, prosseguindo em Tournay, com as Irmãs de Santo André. Madeleine fez, com muito êxito, o Curso Normal, preparando-se para o magistério. Depois de dois anos passados junto à família, voltou para Tournay onde pediu a sua admissão para a vida religiosa e, em dezembro de 1899, aos 21 anos de idade, recebeu o nome de Maria Augusta, iniciando o período de formação. Fez os votos religiosos em 16 de setembro de 1901. Madre Maria Augusta, aos 38 anos de idade, fez parte do 4° grupo de irmãs que vieram para o Brasil, em 1916. Seu nome aparece na lista das professoras de latim, matemática, francês, história natural, química e sociologia. Outras ocupações foram-lhe atribuídas, exercendo as funções de contadora, secretária e bibliotecária, e também o cuidado dos alunos em regime de internato.

Vieram para o Brasil, mais precisamente para a cidade de Jaboticabal, a convite do Arcebispo D. José Marcondes Homem de Mello, de São Carlos dos Pinhais (SP), em 11 de fevereiro de 1914. Esse convite tinha como propósito atender a um programa de ação pastoral católica, voltada para área de educação; o qual fora realizado por meio de duas modalidades sociais ao mesmo tempo: a religiosidade e a familiar.

A finalidade da modalidade a religiosidade era de constituir um clero – atuante, culto, virtuoso, por meio da formação de sacerdote. Desta maneira, essa formação possibilitaria os mesmos as condições de influenciar a religiosidade dos paulistanos. A familiar estaria voltada para educação das meninas em instituições de ensino, que se realizaria de acordo com os conceitos organizados pela Igreja. A intenção dessa formação era que futuramente essas meninas atuassem como educadoras dos filhos e de toda sociedade, seguindo a doutrina e os princípios do catolicismo conservador.

Em 1925 o Colégio solicita a concessão da Escola Normal e em 1928 recebe a aprovação. Com a criação da Escola Normal Livre Santo André, as Madres Peeters; Cooman buscaram outras possibilidades de repassarem o conhecimento cientifico. Assim, criaram os manuais didáticos em 1935 (Noções de Sociologia) e 1936 (Pequena História da Educação) com as seguintes finalidades: de um lado, de contribuírem para a “materialização” das disciplinas, mas designado à sua utilização em sala de aula, distinguindo-se como um dos elementos do contrato didático, se tornando um protocolo que preside da sua utilização como instrumento de conhecimento.

E, por outro lado, ao perceberem o potencial que os manuais didáticos tinham como instrumento da prática pedagógica, que podiam ir além do contexto da sua escola, as Madres tornaram os mesmos como um divulgador do catolicismo por meio da formação das normalistas; as quais mais tarde, atuariam no ensino público do País, instruindo as crianças e os jovens aos conhecimentos indispensáveis a sua vida sócio-cultural, conforme os ideais da Igreja Católica.

Sandra Maria de Oliveira – Graduada em Pedagogia, especialista em Psicopedagogia e Alfabetização, Mestrando em Educação pela Universidade Federal de Uberlândia e doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Educação, na área de História e Historiografia da Educação, pela Universidade Federal de Uberlândia.

 

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