Há duzentas edições…

Isabella Brandão Lara

Hoje encontrei o Professor Luciano no corredor da Faculdade de Educação e ele veio com a notícia: o jornal Pensar a Educação, em pauta está chegando à edição de número 200. Duzentas edições, que alegria! Como passou rápido! Me senti tão festiva com o marco que não quis ficar de fora da comemoração.

Eu, que estou há alguns anos afastada do projeto, que o acompanho apenas como leitora/ouvinte/escutante/espectadora (parece muito, mas o desejo era de fazer mais) me sentei em frente ao computador e fiquei pensando no que eu teria a dizer. Pensei, pensei… Me veio à mente os jornais do século XIX que li exaustivamente para as pesquisas acadêmicas, que nas datas comemorativas exibiam textos pomposos e cheios de palavras bonitas, redigidos por jornalistas parceiros dos editores, que tinham a função de enaltecer a qualidade dos impressos. Achei engraçado me ver na mesma função, a de falar sobre um jornal que eu gosto muito, feito por pessoas que eu gosto muito e que, ainda que remotamente, leva marcas da minha história na UFMG. Não, não se preocupem, não farei isso. Este texto não terá doses exageradas de elogios, ou talvez terá só um pouco, as inevitáveis, já que o sentimento de admiração, afeto e agradecimento podem ser expressos dessa forma. A proposta que mais me atraiu, no entanto, foi a de compartilhar algumas passagens do nascimento do jornal Pensar a Educação, em pauta, do qual fui testemunha, e que talvez seja novidade até mesmo aos seus leitores mais assíduos.

A história do jornal (na época chamado de “Boletim”) se cruza em alguns momentos com a de minha formação como pedagoga, já que apenas um mês separa nossa “estreia” na Faculdade de Educação: eu cheguei em março, ele, em abril de 2013. Logo nos primeiros dias de curso fui apresentada ao Professor Luciano num seminário do projeto Pensar a Educação, Pensar o Brasil, que ele coordena junto com o Professor Tarcísio. Falei com ele da minha vontade de participar de alguma pesquisa, de trabalhar em algum projeto e foi aí que ele compartilhou a sua nova ideia: um boletim semanal de notícias educacionais! “_Topa ajudar?”. Topei!

Mesmo sem muitos detalhes, fui para casa movida pelo desafio e passei a pesquisar o que deveria conter num informativo, quais eram os boletins on-line que existiam na área da educação, como criar um site para a sua divulgação. A cada pesquisa, a cada resultado, começávamos a dar forma para a ideia. Os e-mails e os encontros eram frequentes, afinal, tudo era um aprendizado!

Qual a melhor maneira de anunciar uma notícia? Que tipo de linguagem deveríamos usar? Qual seria a nossa proposta? E quem seria o nosso leitor? Recuperei há pouco uma troca de mensagens com o Professor Luciano e com o Professor Tarcísio em que aparecem algumas dessas preocupações.

penso que nosso público-alvo seja o conjunto dos Educadores, de todos os níveis de escolaridade: Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e Educação Superior. Assim, entendo que a diversidade de temas sobre Educação deve ser nossa tônica no Boletim. Diante dela, cada educador lerá aquele tema que mais lhe interessa, que lhe chama mais a atenção. E ele/ela também sempre terá oportunidade de “navegar” por outros temas, expandindo assim sua participação no debate.” [Professor Tarcísio, 01-06-2013]

A princípio, éramos três, mas nunca estivemos sozinhos. Foi a equipe do programa de rádio Pensar a Educação, Pensar o Brasil, por exemplo, que participou da escolha do nome do boletim (na época, formada por Leide, Hércules, Marcela, Alessandra, Bruno, Raquel e Henrique). Também foi o Hércules Pimenta, apoio técnico do projeto, que desenvolveu o cabeçalho e a identidade visual das edições. Marcela Franca, bolsista de extensão, fazia a divulgação do boletim às sextas feiras, enviando-o para todas as pessoas cadastradas. O Professor Luciano, que na minha opinião era o mais empolgado do grupo, buscava parcerias com os amigos, recebia sugestões de colegas, convidada a todos para escreverem no boletim. Alguns meses depois chegou Sandra Ribas com seus conhecimentos de design e tecnologia, importantíssima para o funcionamento do site e da divulgação. Sandrinha fez de tudo! Depois do lançamento do boletim eu fiquei responsável pela pesquisa de conteúdo e nossa dinâmica funcionava da seguinte forma: eu lia nos principais jornais, revistas, blogs de opinião e demais periódicos o que havia sido publicado sobre educação naquela semana, mandava uma lista de sugestões pro Professor Luciano, ele contribuía com o que tinha encontrado, me retornava, eu montava o corpo do boletim, encaminhava para a Marcela, que divulgava aos leitores. No ano seguinte a Luísa Marques passou a me ajudar nessa função.

Trabalhar no boletim era algo muito dinâmico e que abriu muito a minha mente. A cada nova edição eu refletia sobre o tanto de coisas que estava acontecendo ao meu redor e que por muitas vezes eu nem ficava sabendo. Foi com o boletim que passei a conhecer grupos de pesquisas, projetos educacionais, periódicos acadêmicos, iniciativas populares na área da educação, inovações tecnológicas, políticas públicas, debates sobre a educação básica e tantas outras coisas! Cada semana que chegava era carregada de novidades! O boletim também me ajudou a desenvolver as habilidades de comunicação, de escrita, de organização. Para uma estudante de Pedagogia, foi uma excelente maneira de ser apresentada ao vasto campo da educação.

Em junho de 2014 eu saí da equipe do boletim para ir trabalhar em um museu. Desde então, o boletim cresceu, virou jornal, ganhou força, aumentou a equipe, se superou em qualidade, em originalidade, ampliou a circulação. Hoje tem diversas seções, tem uma rica rede de colaboradores, tem nova cara e novo corpo. Contudo, uma coisa permanece inabalada: a vontade do Professor Luciano de nos fazer pensar, divulgar e debater sobre educação. Aprendi com o Professor Luciano e com sua equipe sobre a força da mobilização, sobre o poder da palavra, sobre a criação de conexões (mentais e interpessoais), sobre como nossos corpos e nossas vozes atuam politicamente no cenário nacional. Sou muito grata a todos eles.

Então, por tudo isso, estou certa de que essas “primeiras” 200 edições do jornal Pensar a Educação, em pauta são apenas o começo de uma longa jornada! Além da contribuição para a História da Educação, o jornal Pensar a Educação, em pauta hoje faz história e colabora com a educação no Brasil. Me orgulho de ter feito parte dessa trajetória. Parabéns a todos os envolvidos e parabéns também aos leitores, que escolheram um ótimo meio de se informarem.

25 de maio de 2018

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