Foi a recomendação da amiga Ana Maria Marques, professora da UFMT que desenvolve importante projeto de remissão da pena pela leitura em uma prisão feminina de Mato Grosso, que me levou ao filme Clemência – A História de Cyntoia Brown. Produzido pela Netflix e lançado no Brasil em abril de 2020, o documentário de uma hora e 37 minutos acompanha a luta de Cyntoia Brown por clemência e por uma vida fora da prisão. Cyntoia, uma adolescente negra de 16 anos, foi julgada como adulta pelo assassinato de um homem branco de 43 anos que pagou para ter relações sexuais com ela.
Vista como prostituta e não como vítima de predadores sexuais, Cyntoia foi condenada
à prisão perpétua.
O documentário suscita o debate a respeito de muitas questões, principalmente as complexas relações de gênero e raça no processo de encarceramento de mulheres.
Cyntoia já nasceu condenada: a mãe biológica dela, uma mulher branca, também foi vítima de estupros na infância, se tornou alcoólatra e mãe aos 16 anos. Cyntoia foi adotada por uma mulher negra e fugiu de casa na adolescência após ter sido aliciada por um homem de 24 anos.
Durante os 14 anos que passou na prisão, Cyntoia não desistiu de lutar por uma vida. Dentro da prisão, ela pôde estudar, tendo conquistado dois diplomas de nível superior. Foi a partir das leituras na prisão que floresceu a consciência de que ela foi abusada por ser mulher e que ela nasceu numa “família abusada”. Gerações e gerações de mulheres abusadas por predadores sexuais. É interessante observar: apenas a mãe adotiva, a mãe biológica e a avó materna acompanham o caso de Cyntoia. Não aparece uma figura paterna, um tio, apenas as mulheres a acompanham no julgamento e mesmo nas visitas na prisão. Incansável, Cyntoia não desistiu dela mesma.
Ela escreve cartas, inúmeras. Em todas pede por clemência. Pede que a vejam como uma pessoa que já sofria violência e abandono antes mesmo de nascer.
Ela apenas pedia por uma segunda chance. E a menina floresceu.
Referências
Clemência – A História de Cyntoia Brown. 2020 1h 37min. Netflix, Documentário.
MARQUES, Ana Maria. Havia uma Rosa e uma Vitória na representação pictórica da história de Mato Grosso. FRONTEIRAS: REVISTA CATARINENSE DE HISTÓRIA, v. 1, p. 63-79, 2017.
Imagem de destaque: Distribuição/Netflix
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