Vagner Luciano de Andrade
Tamara Angélica Fêlix Lana*
O dia 17 de agosto é considerado dia do patrimônio e várias ações e atividades são vinculadas a esta data, ou à semana a ela vinculada. Mas as discussões e questionamentos ainda pairam muito sobre as questões de materialidade e imaterialidade associadas ao patrimônio histórico-cultural. Neste sentido, a educação patrimonial tem se reformulado no sentido de se vincular mais às questões ecológicas do presente, ao patrimônio natural, às perspectivas de sustentabilidade e às dinâmicas socioambientais. Assim a educação ambiental é patrimonial e vice-versa, no sentido de que a sociedade precisa ser instrumentalizada no reconhecimento, valorização e apropriação de seus múltiplos e diferenciados tipos de patrimônio. E como será que está o patrimônio na comunidade e na escola? Novas perspectivas precisam ser entendidas no âmbito da escolarização, que se atrela muito aos livros, cadernos, alunos e professores. E alguns atributos passam despercebidos no contexto educativo: bosques, árvores, jardins, hortas, gramados, enfim como estaria a Ecologia Escolar? Há uma escola ecológica? E novamente obrigações, responsabilidades e compromissos recaem sobre educandários promovendo discussões, reflexões e reformulações.
A Educação escolar tem papel fundamental na construção de um mundo melhor, mais harmônico e equilibrado. Dentro dessa visão, o professor é o protagonista na formação de cidadãos críticos, conscientes e comprometidos consigo mesmos, com a sociedade e com o meio ambiente. O presente texto objetiva discutir a necessidade urgente de incentivar a incorporação da Educação do Patrimônio Cultural e Ambiental no contexto escolar. Atualmente, os estabelecimentos de ensino, em especial, os do Poder Público carecem de incentivos, seja nos aspectos curriculares, seja na manutenção de espaços físicos que poderiam ser transformados em potenciais a prática dessa importante abordagem, tão necessária e tão atual. Por outro lado, é necessário analisarmos a situação da educação em nosso país, atualmente:
- Professores mal remunerados, desqualificados, sobrecarregados e frustrados;
- Necessidade de mecanismos de incentivo que facilitem o processo de inserção da Educação Ambiental no cotidiano curricular;
- Ausência de meios para que professores e alunos vivenciem projetos comprometidos com a questão socioambiental, de maneira dinâmica, lúdica e interativa;
- Carência de integração de Educação Ambiental e de Educação Patrimonial nos diversos conteúdos aplicados, permitindo que ela seja o elo de conexão entre os mesmos;
- Deficiência de espaços ecológicos e sustentáveis nas escolas e nas comunidades, que funcionem como meios de vivência social e ação ambiental;
- Insuficiência de agentes facilitadores e multiplicadores, que atuem na sensibilização e mudança da realidade local das comunidades adjacentes.
É preciso que a Educação Patrimonial Ambiental trilhe a missão de transformar o quadro social e ecológico de destruição e degradação, e dos inúmeros caminhos que compõe diferentes ambientes da escola e de seu entorno. Sabe-se que inúmeras escolas estaduais e municipais localizadas em diferentes pontos do país tem buscado sua integração curricular nas matérias especificas, enquanto eixo norteador da interdisciplinaridade, visando à interação dos conteúdos e iniciando este resgate. Porém é preciso avançar e implantar nas escolas alternativas de ação e comunicação como placas e murais educativos, painéis de grafitagem, pinturas com mensagens, laboratórios de ecologia, projetos ambientais, eventos culturais, parcerias com a comunidade, bibliotecas temáticas, oficinas pedagógicas, excursões e visitas. Já existem muitos casos de sucesso, quando a ecologia se insere na pauta educacional do dia a dia, com destaque para o Projeto Escolar de Tempo Integral que promove a manutenção e/ou criação de hortas, pomares, herbário de plantas medicinais, jardins, viveiro de mudas, lixeiras comuns, salas ecológicas, coletores seletivos de lixo, canteiros de composto orgânico, bosques urbanos, recantos naturais, gramados para proteger a permeabilidade do solo. Há ainda iniciativas onde se preservam as matas e as nascentes existentes dentro do espaço escolar ou nas suas adjacências.
Assim é necessário analisar e avaliar os aspectos educacionais e a situação dos espaços físicos das escolas, visando incentivar o desenvolvimento de Projetos de Educação Patrimonial Ambiental, selecionando para posteriormente certificação e/ou premiação, escolas que se destacarem ou se adequarem aos padrões preestabelecidos pelas discussões recentes em sustentabilidade. Quando se pensa uma escola sustentável objetiva-se:
- Transformar a Escola num espaço referencial para o desenvolvimento de projetos de Educação Patrimonial Ambiental;
- Incentivar a criação de mecanismos de Educação Patrimonial Ambiental;
- Sensibilizar e capacitar os professores e demais funcionários, para a importância da questão socioambiental;
- Ampliar o conceito de Meio Ambiente, enfatizando a questão pessoal, social e ambiental;
- Criar e explorar espaços de vivência de valores visando formar uma consciência critica e posturas de comprometimento;
- Transformar a escola num ambiente formador de agentes facilitadores e multiplicadores, para atuarem juntamente às demandas do entorno.
Muitos benefícios decorrerão da escola ecológica que se apropria de seu patrimônio e o legitima enquanto elemento educativo na formação dos sujeitos sustentavelmente conscientes de seu poder de ação. A criação ou implantação de hortas e/ou pomares traz considerável melhoria na qualidade da merenda. O envolvimento dos alunos em projetos de Educação Patrimonial Ambiental promove a integração das matérias do currículo escolar, através de eventos, excursões, grafitagem, dentre outras possibilidades. Informação, sensibilização e conscientização podem ser repassadas através de placas educativas, informando sobre as espécies de plantas, árvores, suas especialidades em nosso convívio. A instituição escolar pode ser mobilizar na preservação da cobertura vegetal dentro de seu espaço (bosques) ou nas adjacências (matas), objetivando efetiva melhoria da qualidade de vida na escola e entorno. Também, a Educação Patrimonial e Ambiental traz significativa melhoria das condições visuais e aspectos paisagísticos, criando ambientes agradáveis, como limpeza do ambiente escolar, através do incentivo do uso da lixeira e implantação da coleta seletiva. A separação de materiais recicláveis, por exemplo, visa integração escola-comunidade e geração de renda.
As secretarias municipais de educação podem visitar escolas com o objetivo conhecer a realidade social, estrutura educacional e situação ambiental, evidenciando um diagnóstico com o qual se conheça a realidade interna e externa das escolas identificando com os envolvidosos problemas e sugerindo soluções. Conclui-se que se quisermos reverter o atual quadro social e ambiental, precisamos urgentemente priorizar a Educação Patrimonial Ambiental em toda sua amplitude. Então é necessário que a sociedade trilhe o caminho da transformação que lhe é proposto estabelecendo novos valores que resultem na mudança de mentalidades e comportamentos comprometidos com as premissas da sustentabilidade. Somente assim teremos um mundo melhor mais fraterno e justo, com desenvolvimento sustentável e qualidade de vida para todos. Que este dia do patrimônio e, portanto da educação patrimonial nos traga a percepção de que temos muitos patrimônios inigualáveis a serem legitimados e protegidos como legado às futuras gerações.
*Tamara Angélica Fêlix Lana é professora da Escola Municipal Prefeito Aminthas Barros, localizada entre os bairros Estrela Dalva e Havaí, regional Oeste de Belo Horizonte. Possui formação em Pedagogia e especialização em Psicopedagogia.
Imagem de destaque: Matinha do Havaí, vizinho à Escola Municipal Professor Aminthas Barros. Fotografia de Tamara Angelica Félix Lana (13/08/2018)
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