Na gestão do então governador Sérgio Cabral sugeriu-se a construção de um muro na favela da Rocinha. Uma singela ideia que colocaria cada um em seu devido lugar isolando os indesejáveis favelados no seu gueto. Dessa maneira, o Estado se desobrigaria de vez do cuidado com aqueles cidadãos. Não vingou. Ainda bem que o Rio de Janeiro tem muita gente boa, de luta, a quem mando o meu abraço de solidariedade e dor.
Porém, uma das causas do descalabro total em que vive a cidade está lá no período da ditadura civil-militar de 1964-1989. A tática da ditadura foi a eliminação de toda e qualquer oposição no Rio de Janeiro. Abriu-se a temporada de caça na Baixada Fluminense e os troféus foram povoando as paredes do DOPS, CENIMAR, Comando do Leste, etc. Não tenho números, mas creio que o Estado do Rio de Janeiro foi o que mais perdeu, fisicamente, suas lideranças de esquerda. Eliminados os indesejáveis daquela época, as porteiras ficaram abertas para todo e qualquer tipo de liderança de centro, centro-direita, extrema-direita e fascistas. Nesse degradé surgiu de tudo: de César Maia a Jair Bolsonaro, de Crivela a Moreira Franco.
A demonstração inequívoca do fracasso é a tolerância que os governos do Estado tiveram e têm com as milícias. Nunca considerei cidadãos aqueles que portam armas, na medida em que vejo ali, na cintura, a impossibilidade do diálogo. Diálogo é entre iguais. Como vou dialogar se corro o risco de levar um tiro no meio do debate? As milícias tornaram-se a polícia paralela de um Estado paralelo que existe no Rio de Janeiro. Elas tem uma hierarquia que mantém o negócio. Todos sabem de onde vem o financiamento das milícias, de onde vem os impostos (a bala) que sustenta toda a estrutura dessa corporação paralela.
Admira-me uma intervenção militar que não toca na questão como deve ser tocada. Recentemente o ministro da Justiça acusou a corporação militar do Rio de Janeiro de corrupta. Pediu-se provas e o ministro desdisse o que disse. Ficou o disse me disse. Pediu-se provas do óbvio. Sobre algo que todos sabem da existência, do funcionamento, do financiamento. É ali na esquina onde está o camburão. É na porta da minha casa ou negócio cobrando um serviço que me devem. Não é preciso trocar toda a polícia do Rio de Janeiro, mas uma intervenção que não tocar nesse poder paralelo, tende a um redundante fracasso.
Mas, porque a intervenção federal não toca nesse poder paralelo? Porque ele é forte. É forte porque é rentável. É rentável porque o povo é extorquido aos olhos do Estado que devia protege-lo. É forte e rentável porque extorque o traficante ao invés de perseguí-lo e prendê-lo. Assim, os homens armados do Exército Nacional – que não devia estar ali – posam para a câmera de televisão achincalhando os moradores da favela já fragilizados por décadas de preconceito, séculos de discriminação e uma história inteira de racismo. Intervenção midiática com balas de festim para a milícia e de chumbo para os cidadãos.
Se essa intervenção federal não combater as milícias. Não prender os milicianos, essa liderança armada vendendo segurança, caminharemos mais rápido para o genocídio. Sim, o Rio de Janeiro acaba. O carioca negro, pobre, da baixada, desaparece. Elimina-se os indesejáveis. Quem não morrer deve se enquadrar. Enquadrar-se como? Votando nas lideranças de direita que caminharão impunes, protegidos por uma intervenção armada, extorquindo o voto do eleitor para se legitimar nessa falsa democracia.
Assim: enquadrados e abandonados. Cercados de ineficiência e preconceito por todos os lados: encurralados. Essa a melhor expressão. Vida de gado que se reduz a produzir riqueza para o capital. Foram abandonados pelo Estado e encurralados por um Estado paralelo. E o interventor sorrindo…
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