Por Luciano Mendes de Faria Filho
Um dos grandes problemas a ser enfrentado pelo futuro reitorado é o caos em que se transformou o Campus da Pampulha, o maior dos câmpus da UFMG. A ausência de placas de informação, o crescimento do trânsito, a falta de acessibilidade e iluminação são apenas alguns dos grandes problemas enfrentados pelas dezenas de milhares de pessoas que circulam pela universidade diariamente. Se for pedestre, usuário do transporte coletivo e com alguma deficiência, por exemplo, a experiência é, então, muito pior.
No que se refere ao trânsito, o problema já foi detectado há anos. No entanto, apesar das contínuas promessas de campanha, os últimos reitorados poucos fizeram a respeito, e o problema só aumentou. O único projeto que se propôs, de fato, a enfrentar o problema foi a campanha Bocados de Gentileza, que ”busca promover uma mudança de atitude entre os membros da comunidade universitária, ressaltando a contribuição das pessoas para uma boa convivência nos campi” e que, em sua primeira fase, se propunha a “abordar problemas relativos a trânsito, lixo e conservação das áreas verdes”, conforme está página do projeto.
No entanto, apesar de seus objetivos generosos, considerada a situação atual, a campanha, iniciada no reitorado anterior, não surtiu muito efeito. Talvez um dos problemas da campanha seja o de desconsiderar que gentileza é quando alguém abre mão de um direito, reconhecido pela lei ou pelos costumes, para outra pessoa. No entanto, quando se trata de cumprir e fazer cumprir a lei, ou assumir os deveres, inclusive estabelecidos em lei, não estamos no terreno da gentileza. Assim, não estacionar em cima dos canteiros e árvores ou nos pontos de ônibus, não atropelar o pedestre, sobretudo na faixa, ou obedecer as placas de sinalização, não é uma questão de gentileza. É um imperativo legal e fundamental para a convivência minimamente civilizada e cidadã na universidade ou em qualquer outro lugar.
Se estou me reportando à campanha Bocados de Gentilezas, faço-o para lembrar que se o novo reitorado quiser de fato resolver o problema de trânsito e de circulação de automóveis no campus Pampulha, terá que fazer muito mais. Será preciso, inclusive, enfrentar os problemas decorrentes da especificidade da cidade universitária no que se refere à segurança e ao cumprimento da legislação que vale para o restante da cidade.
Quanto ao volume de automóveis no campus, qual é a melhor saída? Levar a cabo o que já se tentou no que se refere ao cadastramento dos carros de docentes, discentes e TAEs? Impedir a entrada de carros depois de um certo limite de veículos estacionados no campus? Como estabelecer esse limite? Incentivar o uso do transporte coletivo e entrar em entendimento com os órgãos públicos que o regulam para achar uma saída duradoura no que se refere, por exemplo, ao número de linhas, regularidade e período entre corridas dos coletivos que servem à cidade universitária?
E quanto à ocupação irregular dos estacionamentos? É possível fazer alguma coisa para cumprir e fazer cumprir a legislação ordinária a respeito do tema? Permitir a entrada da fiscalização pública e a atuação dessa por meio de multas e reboque dos veículos estacionados irregularmente seria uma saída? Se não, quais seriam as soluções?
Sei que a falta de acessibilidade, de iluminação e de placas de informação no campus Pampulha é problema tão grave quanto o do trânsito e, por isso, será objeto de outro texto, de preferência de alguém que, mais e melhor do que eu, entende assunto.
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