O 28 de Junho é a data onde se comemora o dia internacional do orgulho LGBTQIA +, um dia que marca a pluralidade dos corpos. Apesar da data ser um marco histórico, é também resultado de muita luta. Luta travada todos os dias pelo direito de ir e vir, pelo direito de amar e o direito à vida. Encarnar o corpo que está fora das normas de gênero é ter nas costas um alvo de caça, colocado muitas vezes por um grupo específico que considera o binarismo de gênero como regra social e determinante para julgar quem pode ou não viver.
O Brasil é um dos países que mais mata pessoas LGBTQIA + no mundo. Segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), só nos primeiros meses de 2021 foram registrados mais de 56 assassinatos de pessoas Trans, sendo 54 mulheres trans/travestis e 2 homens trans/trans masculinos. O que mais assusta nestes casos é o grau de crueldade nos crimes cometidos. Fogo, paulada, espancamento, pedrada, desfigurar estes corpos é visto como um apagamento, é dar fim a imagem de um corpo anormal. A imagem do corpo anormal está no imaginário de grande parte das pessoas, ela é construída, formada e cultivada por diversas instituições que necessitam deste recorte para estabelecer o controle das massas, utilizando o gênero como fator primordial e norteador de suas ações.
A filósofa norte americana Judith Butler em suas obras mostra que a desigualdade de gênero é um dos grandes problemas que assombram grande parte das instituições em todo o mundo. E por mais que as instituições tradicionais considerem a diversidade de gênero uma besta de infinitas faces que corrói as bases tradicionais das instituições, a autora considera que essas novas relações podem dar outro sentido mais plural a estes espaços. Uma das instituições mais questionadas é a da família, que é vista pelos grupos tradicionais como: um Pai, uma Mãe e filhos, sendo também determinadas por gênero: Homem e Mulher. E o que estiver fora deste padrão é um erro. No entanto, vale lembrar que não existe um padrão correto para família, ela pode ter várias formas, vários sentidos, e ser de todos os jeitos, sendo o Amor o fator em comum entre todas.
É preciso estar sempre em movimento, criar alianças e manter-se vivo, estamos passando por um momento muito delicado, onde alguns corpos são postos como matáveis. Estes estão cada vez mais expostos, e sem segurança política e jurídica para resguardar a vida destes sujeitos. Diante um governo que incentiva a necropolítica, manter se vivo e de pé é um ato de resistência, que possamos formar alianças, formar bandos para sobreviver, fazer que todos os dias possam ser dia 28 de junho, que todos os dias possam ser motivo de lutar contra as faces do fascismo, homofobia e do racismo que assombram o Brasil.
Imagem de destaque: Ana Campillo / Pixabay