Dia do Rondonista

Monica Abranches*

Em 11 de julho se comemora o Dia do Rondonista e, em 2019, os 52 anos do Projeto Rondon no Brasil, considerado como uma das maiores experiências de extensão universitária brasileira, deslocando cerca de meio milhão de alunos entre os Estados brasileiros, para atuação nas regiões mais vulneráveis do país.

A experiência piloto remete a vivência de 27 estudantes da Universidade do Estado da Guanabara (hoje, Rio de Janeiro) que partiram rumo a Porto Velho com o objetivo de conhecer a realidade do Norte do país, sob as orientações do professor Wilson Choeri com a ideia de Universidade Integrada. Por trinta dias os estudantes vivenciaram a vida de comunidades onde o progresso não havia chegado, realizando serviços de atendimento de saúde, obras estruturais, formação de servidores, entre outras ações.

Na atualidade, os rondonistas ainda realizam intervenções no sertão do nordeste, em cidades da Amazônia e áreas dos Vales do Jequitinhonha, Mucuri e Norte de Minas, organizados por duas frentes: pelo Ministério da Defesa e Ministério da Educação que atua a partir de editais abertos, principalmente, para universidades do sudeste e sul e através das Associações de Rondonistas com sede em diversos Estados do Brasil.

O Projeto Rondon surgiu em 1967, em meio aos debates da Reforma Universitária e no período de exercício do Regime Militar, orientada pelos princípios da Lei de Segurança Nacional, que rompeu com o caráter dialógico e embrionário da extensão e da própria universidade, restringindo suas ações e impedindo-a do exercício de seu princípio fundante – a autonomia.

Em 1968, após a Reforma Universitária e com o advento do Regime Militar no governo, a extensão universitária perdeu sua força de expansão e de interação com a sociedade, mas não o seu caráter crítico, ainda que a extensão universitária estivesse, nas décadas de 70 e 80, voltada para a execução de políticas sociais do governo.

Apesar de sua concepção no meio militar e um direcionamento para conter o ativismo estudantil, a participação dos jovens universitários e professores no Projeto Rondon imprimiu a esse projeto um caráter crítico e participativo, resgatando direitos de cidadania, junto à população, que haviam sido suprimidos pela ditadura. Várias publicações sobre o projeto apontam a apropriação do Projeto Rondon pelas equipes acadêmicas que realizaram ações de mobilização política das comunidades e o assessoramento as organizações de base.

O nome do Projeto Rondon foi uma homenagem ao Marechal Candido Mariano da Silva Rondon, considerado um bandeirante do século XX. O Projeto adotou o lema INTEGRAR PARA NÃO ENTREGAR criada pela equipe pioneira como reação ao interesse internacional na Amazônia brasileira. O lema desapareceu ao longo das intervenções do projeto, mas destaca-se a sua atualidade, pois, em 2019, discute-se com preocupação a “entrega” da Amazônia a países desenvolvidos que pretendem explorá-la a todo custo.

Por fim, temos que os rondonistas, com sua criatividade e força jovem, têm colocado, por décadas, o conhecimento científico a serviço dos desafios encontrados nas cidades brasileiras ainda com baixo IDH. De outra forma, essa vivência de extensão, no momento de sua educação acadêmica, tem contribuído para a formação de profissionais tecnicamente competentes e eticamente mais comprometidos com uma sociedade mais justa.

Parabéns aos milhares de RONDONISTAS ainda espalhados pelo Brasil! Uma vez rondonista, sempre rondonista!


*Assistente Social, Professora universitária, Mestre em Educação pela UNICAMP/SP e Doutorado em Tratamento da Informação Espacial pela PUC Minas. Foi  Presidente do Instituto Rondon Minas e Coordenadora geral do projeto Rondon em Minas Gerais nos períodos de 2005 a 2013 e de 2016 a 2019.

Imagem de destaque: Reprodução / Projeto Rondon

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