Por Luciano Mendes de Faria Filho
Todos nós que temos acompanhado a construção e o desenrolar do golpe em curso temos observado o peso muito significativo das mídias, sobretudo da chamada “grande mídia” capitaneada pela Globo e cia, nesse processo. Mas, essa intervenção da mídia no mundo social se dá, com maior ou menor intensidade, no cotidiano de todos nós, educando-nos e criando predisposições (ou indisposições) de toda ordem.
Tal intervenção midiática se dá, também, no campo da educação. O certo seria até dizer que toda mídia é, na verdade, uma grande empresa educadora. Mas, além disso, noticia e cria fatos no âmbito da educação, particularmente da escola.
No entanto, aqueles(as) que tratam da educação na mídias mais tradicionais raramente são especialistas em educação. Aliás, por razões variadas, os professores e pesquisadores da educação raramente aparecem nestes espaços que são, via de regra, ocupados por economistas, psicólogos e jornalistas.
Sabemos que há, hoje, um sem número de pessoas e instituições que diuturnamente comunicam sobre a educação e comunicam a educação. Estão em programas de rádio, em blogs, em pequenos jornais e muitas outras iniciativas.
Em 2011, entendendo a importância da comunicação, um grupo de pesquisadores e ativistas tentou criar uma Agência de Nacional de Notícias da Educação. O documento elaborado começava assim:
“Professores/pesquisadores e agentes sociais de várias instituições brasileiras, preocupados com a forma como se dá a discussão sobre a educação nos espaços públicos, sobretudo na imprensa, e com os argumentos mobilizados pelos diferentes agentes sociais em disputa pelo “discurso sobre a educação”, vêm se reunindo desde o início deste ano (2011) para pensar estratégias de atuação na discussão pública sobre educação no Brasil.
Não é segredo para ninguém o lugar estratégico ocupado pelo debate público sobre educação – possibilitado tanto pelos meios de comunicação de massa mais tradicionais quanto pelas novas tecnologias – para a consecução dos objetivos políticos sociais mais amplos de nossas instituições de ensino e pesquisa e de nossas instituições de representação político-acadêmica, quais sejam, a construção de um país mais democrático e igualitário e de uma escola pública de qualidade para todos.”
A iniciativa, no entanto, não foi pra frente devido à falta de fôlego do grupo e, sobretudo, de apoio. No entanto, este momento em que não resta dúvida sobre a importância da comunicação, talvez seja o momento de retomar aquela iniciativa. Uma ideia é criarmos não uma Agência mas uma Rede de Comunicadores em/da Educação, reunindo tanto instituições quanto ativistas e profissionais que atuam com o tema. Quem sabe assim a gente possa atuar articuladamente no combates aos golpes a contra a democracia e na promoção de uma educação de qualidade para todos(as).