Como me tornei eu: relato pessoal

Carlos Fernando da Paz Chaves

Eu sempre soube que era diferente, desde criança. Eu só não entendia como.

Há alguns anos eu comecei a entender o que eu sentia e quem eu realmente era. Quando eu comecei a entender, eu tive ódio de mim mesmo por vários motivos. Bom, vamos começar pelo fato de que geralmente as famílias te dizem que não ser hétero é algo errado e a minha família era uma dessas. Infelizmente, minha família sempre foi bastante homofóbica e, sabendo disso, quando me descobri, eu entrei em pânico, pensando qual seria a reação da minha família e o quanto a minha relação com eles mudaria, até porque, nós já não tínhamos uma boa relação.

Então, eu fiz o que eu acho que toda pessoa LGBTQIA+ já fez, que é tentar mudar de toda maneira. Eu fiz de tudo, desde começar um relacionamento com uma menina até rezar para que Deus me tornasse hétero e, nisso de tentar mudar quem eu era de verdade, eu me perdi de mim mesmo e entrei numa fase de escuridão na minha vida e isso me quebrou. Mas, como eu sempre fiz na minha vida, enfrentei meus demônios e os superei. Consegui me entender, me aceitar e me reconectar comigo mesmo.

Aí chegou a segunda parte mais difícil que foi falar com as pessoas mais próximas a mim e com quem eu mais me importava. Então, eu escrevi cinco cartas e as entreguei para cada um, e contra todas as probabilidades, elas me apoiaram e me aceitaram de forma carinhosa e genuína. Bom, já que eu tinha o apoio das pessoas mais importantes da minha vida, eu não tinha mais nada a temer. Então, eu decidi me assumir publicamente e como eu sou, é óbvio que eu queria algo diferente e importante, então, planejei cada passo detalhadamente.

Bom, eu sou meio pessimista. Então, pensando no pior, eu tive a ideia de ir passar um tempo fora de casa, para ser mais específico na casa de uma amiga. Chegando lá, coloquei meu plano em prática e, novamente, eu me surpreendi de maneira positiva, com a minha família aprovando e aceitando. Bom, pelo menos uma boa parte dela.

Então, depois de tomar a melhor, mais difícil e importante decisão da minha vida, que foi aceitar e assumir quem eu realmente sou, aqui estou eu vivendo feliz e com amigos e familiares que me amam, aceitam e me apoiam.

 

Sobre o autor
Carlos cursa o 2º ano do Ensino Médio na E. E. João Paulo I, Regina – Belo Horizonte – MG.

O texto é resultado de uma atividade desenvolvida na disciplina de Língua Portuguesa, com supervisão da Professora Leila Caeiro.


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